
Emma Stone interpreta Bella | Foto: Yorgos Lanthimos, Courtesy of Searchlight Pictures. © 2024 Searchlight Pictures All Rights Reserved
Assim que saiu a indicação ao Oscar, muito se falou sobre a ausência de “Barbie” em algumas categorias, o que até então era de se concordar. No entanto, no mesmo aconteceu a pré-estreia de “Pobres Criaturas”, o novo e comentado filme do diretor grego Yorgos Lanthimos, o segundo com maior indicação na premiação em questão, com 11 chances de levar a estatueta, atrás apenas de “Oppenheimer”. Na história, a jovem Bella Baxter, interpretada genialmente por Emma Stone, é trazida de volta à vida pelo cientista Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe). Querendo ver mais do mundo, ela foge com Duncan, um advogado vivido por Mark Ruffalo, e viaja pelos continentes.
O filme, baseado no livro homônimo escrito por Alasdair Gray estreia no Brasil em 1º de fevereiro, e já vinha sido muito comentado por ser considerado polêmico, surrealista e estranho. Bazaar assistiu e crava: realmente, os adjetivos podem ser considerados, mas isso vai muito do ponto de vista de cada um. Na obra, a personagem Bella vive livre de preconceitos de sua época, inclusive, alguns taxados como “leis da sociedade” até os dias de hoje. Na hisória, ela exige igualdade e libertação. Não há como negar que Poor Things é um filme feminista, mas sem precisar dizer isso com todas as letras. É orgânico e incrível, sem precisar da cor rosa.
Inclusive, Emma, que declarou que Bella é uma das personagens mais marcantes de sua carreira, defendeu as cenas em que sua personagem desfruta o despertar sexual. “Ela é completamente livre e sem vergonha do próprio corpo”, declarou, em entrevista à Radio 4, da BBC. Sobre a corrida do prêmio de Melhor Atriz, dificilmente Emma irá deixar de levar, porque a atriz dá literalmente tudo de sí e aparece sem amarrações – acredito nem que todas as artistas estariam tão abertas a interpretar uma personagem dessas.

Ramy Youssef e Willem Dafoe | Foto: Yorgos Lanthimos. Courtesy of Searchlight Pictures.© 2023 Searchlight Pictures All Rights Reserved
Falando em elenco, não há como não destacar todos os atores, principalmente Willem Dafoe, que ganhou uma maquiagem incrível que merece a coroação da equipe de beleza, e Ruffalo que está divertidíssimo e expõe os sentimentos masculinos da maneira mais verdadeira possível. A direção de arte e fotografia é belíssima, nos primeiros 30 segundos de filme percebemos o trabalho riquíssimo de Shona Heath, James Price e Robbi Ryan, respectivamente. Para o figurino, Holly Waddington criou um universo livre para refletir o crescimento e desenvolvimento da protagonista. Para representar a sua era mais infantil, silhuetas mais bufantes, babados e tecidos que remetem a fraudas. Mais para frente, conforme o crescimento da personagem, roupas em látex, botas e roupas íntimas se misturaram ao guarda-roupa, mostrando que Bella está a frente do seu tempo. Ainda bem.
Delicado, inteligente e cômico, Pobres Criaturas é uma jóia no meio de tantas séries e lives action. Sobre o Oscar, a régua está muito alta esse ano, mas muito alta mesmo. Isso justifica algumas ausências, seja de parte do elenco de Barbie, ou de Sofia Coppola e “Priscilla“, sem esquecer também do diretor David Fincher e o filme “O Assassino”, disponível na Netflix. Inclusive, todos os filmes citados valem a sessão, mas Pobre Criaturas é lição de casa.