
por Marcela Palhão, com edição de moda de Rodrigo Yaegashi
A convite de Bazaar, quatro artistas brasileiras, que ganharam fama nas redes sociais, mesclam suas pinceladas com peças da Gucci. Veja o resultado desta intervenção artística – e conheça melhor suas criadoras – abaixo:
Linoca Souza

Foi se deslocando por São Paulo, fazendo cursos e conhecendo pessoas, que Linoca Souza entendeu que poderia transformar sua paixão por desenhar em profissão. O contato com a paulicéia foi o ponto de partida da vontade de expressar o que estava sentindo e de como poderia usar seu conhecimento.
Depois de anos se inspirando nas revistas antigas que sua mãe usava como molde de costura, a artista, também influenciada pelo grafite, conheceu tecnologias que permitiram que ampliasse seu conhecimento e migrasse para ilustrações digitais. Hoje, Linoca vende seus prints online, além de ilustrar capas de livros e conteúdos editoriais, incluindo os textos de Djamila Ribeiro.
Lela Brandão

“No início deste ano, comecei a estudar tarô e, quando vi o colar com pingente (da Gucci), lembrei da carta da força – uma mulher abrindo a boca de um leão. Acho que se assemelha muito com o que o meu trabalho diz: ser mulher é isso, ter coragem de matar um leão por dia e ainda dar risada”, comenta Lela Brandão, sobre o processo criativo que deu origem à esta ilustração.
Durante anos, ela enxergou a moda como uma inimiga: sofreu distúrbios alimentares na adolescência e fazia das peças de roupas verdadeiros desafios para manter-se cada vez mais magra. Mas a artista ressignificou esta imagem com um estilo confortável e uma paleta de tons terrosos aconchegantes (ambos sempre presentes em suas ilustrações). Sua trajetória resultou na criação de uma marca de roupas própria, que incentiva as mulheres a serem revolucionárias por meio do conforto.
Bruna Romero

“É muito desvalorizado trabalhar com arte no Brasil. Quando imaginava que queria fazer isso, pensava que teria que ser uma pintora representada por uma galeria, o que é muito difícil. Comecei por hobby, postei nas redes e cresci organicamente. Tem pessoas que olham meu trabalho, se inspiram e querem que essa seja a trajetória delas. Mas não foi exatamente o que aconteceu comigo”.
Bruna Romero é apenas um exemplo de diversos artistas que encontraram nas redes sociais um novo caminho para revolucionar o mercado das artes. Ela usa seus textos e ilustrações, que surgem em uma espécie de exercício terapêutico, para fortalecer e inspirar outras pessoas. O resultado são pequenas pílulas de ânimo e reflexão ao longo do seu feed do Instagram.
Di Couto

Di Couto vem conquistando espaço no mundo do grafite, predominantemente masculino. A artista viu sua vida mudar quando se tornou mãe. “A amamentação me impedia de usar tinta spray, porque fazia mal, e eu quis amamentar minha filha. Vivi a intensidade total da maternidade, estava longe da família, sem rede de apoio, ocupada em trabalhar para fazer dinheiro. Não tinha tempo de voltar para a arte”, lembra.
Mas, ao se dedicar novamente às ilustrações, ganhou uma gama inédita de inspirações. Símbolos de força, como a gota de leite (que representa a amamentação), as estrelas de Maria e as mulheres com um seio só de fora (que remete às guerreiras amazonas, que se mutilavam para carregar armas) se repetem no trabalho de Di, que começou a pintar com seu avô, aos 12 anos.