"Quero muito ter um programa de auditório", diz Claudia Raia em podcast

Arte: Felipe Rodrigues

Claudia Raia apareceu gravidíssima na capa da Bazaar, quando versou sobre a maternidade, planos para o futuro e aprendizados durante a pandemia. Papo que rendeu a entrevista da edição de outubro, especial da plataforma global Incrível em Qualquer Idade. Depois de debutar como apresentadora no GNT, no programa “Decora: Vida de Novela”, Claudia quer se arriscar em outros formatos para a televisão.

“É uma coisa que quero fazer valer. Isso é um braço longo. Quero que ele se abra e se mantenha, porque eu quero muito ter um programa de auditório”, comenta. “Quero muito, sem pretensão nenhuma, seguir os caminhos da minha maravilhosa Hebe Camargo. Poder falar com o público”. O humor a preparou para conversar com mulheres de diferentes faixas etárias, que vêem nela uma companheira e não uma ameaça frente aos maridos.

Aos 55 anos, sabe o papel importante que desempenha ao mostrar às mulheres um futuro mais potente, seja como profissional ou mulher. “A fertilidade tá aí. E não é só para você gerar um filho, mas gerar planos a longo prazo, para você gerar coragem”, resume. “As pessoas te colocam em um lugar mixo quando você tem meia vida pela frente ainda. Então é dessa fertilidade que eu estou falando”. O bebê é fruto do relacionamento com o também ator Jarbas Homem de Mello. “Nossa relação nunca dependeu de filho e nem nunca dependeria. Era só uma vontade de que esse encontro tivesse um fruto. O Jarbas não é pai, não era pai, então tinha essa vontade”, conta a multiartista no episódio 32, do podcast “Garotas da Capa” – disponível nas plataformas de áudio.

“Sempre quis ter três filhos. Sempre. Era uma vontade que tinha. Poderia ser mãe de dez filhos, porque os outros eu acabei adotando na minha profissão. Adoro ser mãe”. Ela também é mãe de Sophia, de 19 anos, de seu relacionamento com Edson Celulari, assim como Enzo. “Estou muito feliz, muito grata e principalmente com toda essa onda de amor que recebi”, conta. Grávida de Luca, seu terceiro filho, foi dada a ela uma responsabilidade sobre pautar o nome dos bebês da próxima geração, que assim como Enzo – seu primogênito – emprestou o nome a uma legião. “Não fiz nada de propósito”, gargalha.

Multitelas

“Step back” (passo para trás, em português) é um termo que nunca existiu em sua vida, até mesmo depois da gravidez. Ela volta rápido à cena. Aliás, tem alguns projetos em andamento, como a adaptação para o cinema do espetáculo musical “Conserto para Dois”, protagonizado por ela e o marido, eGlória Glória”, outro musical que será rodado para os cinemas.

Como produtora, também prepara um musical sobre Tarsila do Amaral (1886 – 1973), intitulado “Tarsila – A Brasileira”, com texto de Anna Toledo e José Possi Neto, que também dá o nome à direção artística. A única incerteza é sua participação na série Justiça (Globo), a qual já havia sido postergada algumas vezes e pode bater com o nascimento de Luca.

Quiz

Qual foi o prato campeão do delivery durante a pandemia?
A gente cozinhou bastante. Mas acho que o prato principal foi a linguiça do Sujinho e o estrogonofe da Camelo.

Tem alguma receita de família, já que a família é tradicionalmente italiana?
Uma receita da minha mãe, por exemplo. É o Frango Motta Raia! Coxa e sobrecoxa com cebola e alho na panela. Quando está praticamente cozidinho, você joga o creme de leite, milho e fica uma delícia! Esse prato fácil, rápido e a gente faz sempre!

Incorporou algum novo hábito quando acabou o isolamento social?
Tinha adquirido antes, mas eu reforcei na pandemia. Foi meditar, e continuo meditando. Medito no carro, quando eu acordo, antes de dormir… Se estou muito tensa, desligo tudo e vou meditar uns dez ou 15 minutinhos. Às vezes guiada, só com som e às vezes sem nada. Só eu mesma, comigo mesma.

Você é atriz, dançarina, humorista, apresentadora… Tem alguma coisa que não faça bem?
Um monte de coisa! Não tenho talento nenhum com as mãos. O que Deus me deu nos pés, não me deu nas mãos. Sou péssima de porcelana, de desenhar, de coisas manuais. Coordenação motora fina: costura, tudo que é delicadinho. Jamais seria cirurgiã plástica. Sou muito atrapalhada com as mãos, deixo cair tudo, quebro tudo. Então, tem um monte de coisas que não sei fazer bem. Sou péssima nos esportes, fui ginasta até os 11 anos de idade, mas não sei andar de bicicleta, não sei jogar bola. Era rainha do Flamengo, fui dar o primeiro chute no Fla-Flu, com Maracanã lotado, e errei o chute (risos). Nesse nível de ruim!

O que ouve de música para se animar? O que tem na playlist de Claudia Raia?
Eu sou uma síntese dos anos 80! Gosto de ouvir (Maria) Bethânia, que sou apaixonada. Fui para lá (no ensaio de capa), ouvindo Elis (Regina). Sou uma mulher do Blues, do Jazz. Adoro Black Music. Eu, com toda a certeza, fui uma black woman em outra encarnação.

O que você faz pra desopilar a mente?
Faço terapia duas vezes por semana, faço com um terapeuta agora aqui de São Paulo. Mas, antes, tive uma (terapeuta) mulher durante 15 anos, no Rio.

Como gosta de passar o tempo?
Ah, eu adoro ir ao cinema. Depois da live que tenho, vou ao cinema com os meus amigos, que é uma das coisas que eu mais gosto de fazer na vida. Ver “Mulher Rei”.

Quais cuidados você tem com o corpo, além de alimentação?
Nossa, todos! Porque atividade física não é uma opção. A atividade física é remédio. Ela vem na bula, ela vem prescrita. É que nem escovar os dentes. Você passa um dia sem escovar o dente? Musculação, aeróbico e dança, que é o que eu faço. Dança é o meu lado profissional.

Se fosse fazer uma cinebiografia, qual momento não poderia ficar de fora?
O meu casamento com Alexandre Frota. Não dá nem pra entender porque aconteceu, nem como foi capaz. Entra na série: como pude, né? E, ao mesmo tempo, é muito engraçado porque tudo aconteceu ali, absolutamente tudo. Meu esquete de comédia.

Qual foi o seu primeiro item de moda ou aquele que teve uma história engraçada por trás?
O meu primeiro item de moda foi um vestido de paetê preto, que deixei de pagar o meu inglês. Usei o dinheiro e comprei o vestido e escondi na casa da minha melhor amiga. Minha mãe descobriu que não tinha pago o inglês, óbvio. Continuei dizendo que eu tinha pago e que eu não sei o que a menina tinha feito com cheque. Fiz a mal caráter para poder salvar o meu vestido de paetê. Estava sempre de olho em algum item de moda. Isso eu tô falando de quando eu tinha 10 anos de idade. Comprei um vestido que não cabia em mim, óbvio, que mandei consertar inteiro e esse vestido ficou sendo o meu figurino de show.

E quais desejos você ainda quer realizar profissionalmente? É ocupar esse lugar de apresentadora?
Não quero parar de atuar. Adoro atuar, adoro dançar, cantar e vou continuar fazendo isso sempre. Mas eu acho sim, que é o meu novo desafio. É um lugar que eu quero estar sim.

Escreva um bilhete para ser aberto daqui um ano…
Quero dizer que, no ano que vem, eu vou estar muito mais potente, muito mais forte, a minha turma vai ter aumentado. Então, eu sempre digo que, quando um filho vem, ele vem com o pão debaixo do braço, ele vem com abundância, ele vem com portas abertas. Eu vislumbro, para mim, um próximo ano de muita abundância de felicidade, de amor, de união, de trabalhos, de novos desafios. Tenho certeza que é um degrau a mais que eu vou ter subido tanto como profissional, como mulher, também.