
Obra “Invenção da Vida”, criada especialmente para a mostra (Foto: Divulgação)
Taly Cohen já tinha proposto uma reflexão sobre diferentes realidades na série “Janelas” durante a pandemia de Covid-19, quando as casas das pessoas se tornaram “seus refúgios e, ao mesmo tempo, as suas prisões”. Agora, a artista paulistana traz à tona histórias ancestrais de sua família e traça um paralelo com a imigração de mulheres refugiadas no Brasil. A nova série, parte da mostra coletiva que abre o Espaço Galpão 556, será conhecida neste sábado (26.11) durante a abertura da galeria da colecionadora Daniela Tonetti. Também expõem Ciroschu, Gen Duarte e Taygoara.
Traçando um paralelo com a história de sua avó, sobrevivente da II Guerra Mundial, a paulistana se inspirou nas histórias de refugiadas no Brasil, que conheceu por meio da ONG Cerzindo. “Cresci acompanhando de perto as angústias e as marcas de guerra no corpo e na alma da minha avó, ao mesmo tempo que havia gratidão e alegria de viver. Por isso, em minhas pinturas, além das linhas constantes, que falam sobre os ciclos da vida e das cores fortes, que gritam minha existência, tatuo sentimentos, como a minha avó, Lola Anglister foi marcada pelos alemães”, conta a artista. A ONG oferece cursos de capacitação profissional na área têxtil para pessoas em situação de refúgio e imigrantes.
Retalhos de tecidos e roupas usadas que a ONG recebe de doação, mas que seriam descartados e são utilizados nas oficinas da Cerzindo ganharam novo significado. “Transformar algo que seria rejeitado e ressignificar a sua existência. Me juntei a essas mulheres incríveis, como Wendy Campos, venezuelana de 39 anos, que veio em busca de uma nova realidade e juntas demos vida às janelas.” Para a elaboração de suas obras, Taly utilizou mais de 15 metros de retalhos de tecidos e cada pequeno defeito do tecido conta uma história. As peças, produzidas em parceria com a Cerzindo, terão parte da renda revertida para a ONG. Ao todo, Taly irá apresentar seis esculturas e quatro pinturas, que foram desenvolvidas com tintas acrílica, spray, vinílica e caneta posca.
JANELAS
Para a artista, a série Janelas foi feita na esperança de dias melhores. Com essa inspiração, Taly criou, na janela do seu apartamento paulistano uma intervenção artística com o objetivo de protagonizar a vida e a fé em um momento em que o medo e a morte eram predominantes. A artista criou, na rede de proteção do seu apartamento, um bordado gigante com fitas de cetim coloridas, mergulhando sua pesquisa em temas inerentes à condição humana como liberdade, solidão, medo e perspectiva, criando um diálogo entre o passado, presente e o futuro.

Taly Cohen em seu ateliê, em São Paulo, na época de ‘Janelas’ (Foto: Divulgação)
SERVIÇO
Abertura do Espaço Galpão 556
Exposição de Ciro Schu, Gen Duarte, Taly Cohen e Taygoara
Sábado, 26 de novembro, das 15h30 às 21 horas.
Rua Lavradio, 556 – Barra Funda, São Paulo – SP
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