Hotel Coquillade – Foto: Divulgação

Uma das coisas que mais gosto é retornar a hotéis onde já me hospedei para ver as mudanças e melhorias pelas quais eles passaram. Com o Coquillade Provence, não foi diferente. Situado em Gargas, um antigo vilarejo do século 11 fundado por monges cistercienses na região da Provença-Alpes-Côte-d’Azur, este hotel se destaca como uma das melhores propriedades da região. E vou te explicar por quê.

Para começar, o Guia Michelin o consagrou este ano com a nova distinção de duas chaves. Além disso, o restaurante bufê foi transformado em um charmoso restaurante italiano, o Cipressa. Quando estive por lá, no começo de agosto, pude degustar as famosas pizzas preparadas por uma dupla de especialistas: Ugo Berthet, Campeão da França de Pizza a Due, e Benjamin Lelarge, o talentoso pizzaiolo da casa, duas vezes finalista do campeonato francês de pizza. A massa era espessa, macia e repleta de sabores dos produtos do terroir provençal. Mamma mia!

O hotel em si é um charme: cercado por vinhedos, oliveiras, campos de lavanda e uma luz especial que realça ainda mais a pedra clara das vilas que se erguem nas colinas… Um verdadeiro vilarejo provençal. Sem falar das duas piscinas que parecem saídas de um cartão-postal.

Mas o que mais me impressionou são as cinco novas suítes com jardins e piscinas privativas. Esses belos espaços, todos intitulados com nomes de deusas gregas, têm pé-direito alto, são permeados por obras de arte contemporâneas incríveis (elas vêm da coleção privada de Oliver e Tobias Rihs, herdeiros do Coquillade) e são decorados de forma extremamente classy. Além disso, eles propõem um jacuzzi externo privé para chamar de seu. As suítes podem ser conectadas, formando acomodações de até 340 m². Sempre com aquela vista panorâmica de uma das mais belas paisagens do interior da Provença…

Fiquei na suíte Daphné, que inclui sala de jantar, living, quarto, escritório, uma grande sala de banho com pia dupla, uma banheira ampla, um vaso sanitário japonês (o famoso Toto!) e um chuveiro com ducha manual e efeito chuva. E ainda há um armário e closet enormes, bem maiores do que o que tenho no meu apartamento em Paris… Tudo isso em 110 m². As tarifas das novas suítes começam em 1.260 € por noite para duas pessoas, com café da manhã incluído.

Mas se você vem de uma família grande ou com grupos de amigos, o hotel dispõe de uma bela residência, a Bastide des Vallats. Situada na planície de Ménerbes, aos pés de um dos mais belos vilarejos do Luberon, ela oferece seis quartos, uma piscina cercada de lavanda e o serviço hoteleiro garantido pela equipe do Coquillade. Mais um ponto forte: eles têm sua própria vinícola, e dela sai o vinho Aureto, que acompanha os pratos fusion do Chef Pierre Marty e as sobremesas de Aurélien Trousse no restaurante gastronômico Avelan.

Falando em comida, aproveitei para voltar a um dos meus restaurantes favoritos, o Les Vignes, que fica sob uma pérgula em meio ao vinhedo. Tudo ali é uma viagem, desde o ambiente (em meio à natureza generosa local com direito à vista do pôr-do-sol), o serviço simpático proposto por jovens profissionais da cozinha, os pratos (peça a Tarte fine aux champignons des bois, roquettes o gosto do cogumelo é bem presente, mas se você curte um paladar terroso, vai curtir!), até os gatos que passeiam entre as mesas para abocanhar um pedaço de quelque chose…Recomendo sem pestanejar.

 

Um pouco da história do Coquillade

Quando se apaixonou por este cantinho da Provença há cerca de vinte anos, o empresário suíço Andreas Rihs pensou inicialmente em produzir vinho. Isso se concretizou com a aquisição, no final de 2006, do vinhedo renomeado Domaine de la Coquillade. Essa primeira realização foi seguida, quase naturalmente, pela abertura do resort afiliado aos Relais & Châteaux. Cultivadas de maneira sustentável e orgânica há anos, as vinhas agora recebem cuidados ecológicos, ao ponto de Aureto ser, desde o ano passado, um dos primeiros vinhedos climaticamente neutros do sul da França.

Originalmente, o hotel foi instalado no que era o vilarejo histórico fundado, segundo a lenda, pelos monges cistercienses da abadia de Sénanque: seis belas casas de pedra seca situadas na colina há séculos. Diante do sucesso das residências, Andreas Rihs, junto com seus filhos Oliver e Tobias, decidiu expandir a propriedade há alguns anos. Telhados de telhas rosadas, fachadas ocres, as casas do novo vilarejo se harmonizam com as construções originais.

Lembrança de Hermann Hesse

Romancista, poeta, pintor e laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, Hermann Hesse (1877-1962) buscava frequentemente inspiração nas colinas do Parque do Luberon. Bisnetos do autor de Sidarta (1922) e O Lobo da Estepe (1927), Oliver e Tobias Rihs quiseram prestar homenagem ao bisavô expondo em salas do Coquillade algumas de suas obras literárias encadernadas. Eles afirmam: “Sua obra, impregnada de humanismo, faz parte hoje do patrimônio da literatura universal. Seus temas favoritos, como a proteção da natureza e a busca de um objetivo de vida superior ao consumo, continuam sendo grandes questões de preocupação.”