Por Cibele Maciet

Hotel Le Galinier – Foto: Divulgação
Falar da Provença é falar de slow life, de boa comida e de vinhos, de belas paisagens, de sol e de uma rica herança cultural. Sabe aquela imagem que temos de um local com vilarejos cheios de charme, rodeados por castelos e lojas charmosas de pedra, apéros intermináveis, piqueniques e passeios de bicicleta? Ela é real. Aqui, a vida passa, realmente, mais devagar. Localizada entre as fantásticas praias da Côte d’Azur e os Alpes, a região é puro deleite misturado com a gentileza sem fim dos provençais.
E foi nesse pedaço da França que eu pude viver dias recheados de bons souvenirs. A começar pelo Le Galinier, antiga casa de campo provençal do século 18, que é como um retiro de família que visitamos todos os verões. Situado na cidade de Lourmarin, ali encontramos a Provença do artesanato, da gastronomia, da literatura e da arte que fazem a riqueza da região. Aninhado em seu parque de três hectares, o local é um convite para uma mudança total de cenário (Paris, no meu caso). Em seu jardim, flores e árvores centenárias ao lado de uma piscina e de um terreno de petanca oferecem um refúgio de paz com aromas da Provença. A maitresse de maison, Marie-Lise, faz parte do refúgio, e sua presença é reconfortante como a de um tia querida que serve chás e biscoitos na grande mesa da sala de estar.
Dividido em quatro casinhas (que vão de 80m2 a 150m2), duas suítes e dois quartos, o local com 35 acomodações é perfeito para a privatização de eventos profissionais ou privados: casamentos, aniversários, exposições, filmagens e seminários. Quesito decoração, assinada pelo escritório de arquitetura JAUNE acompanhado pelo Atelier Lamarck, os vários espaços combinam intimidade e conforto, numa déco intimista em tons de bege, ocre e branco. Foi nessa vibe que testei o jantar da chef francesa Minou Sabahi, especialista em colheita selvagem e flores comestíveis. Com direito à um jantar à luz de velas no jardim do casarão, saboreei de olhos fechados (e rezando embaixo da mesa), um Bolinho de de flor de abobrinha recheado com ricota, salsinha, raspas de limão e alho, servido com azeite de manjericão, sabayon e salada de abobrinha crua, sem falar do Creme de berinjela defumada, tomate, alho confitado, pães crocantes de azeitona e cerejas marinadas com coentro, além de outras delicias. Tudo isso regado com os melhores vinhos da região. Que noite!
Continuando meu tour, segui para o delicioso Le Moulin, apenas a cinco minutos do Galinier. No coração do vilarejo, o local de 36 quartos está instalado num antigo moinho à óleo do século 18: trata-se de um pequeno hotel de charme e caráter no centrinho da cidade. Também decorado pelo escritório de arquitetura JAUNE, ele fica a poucos passos do Château de Lourmarin (castelo renascentista do século 15), recebendo seus hóspedes num cenário rodeado por tílias. Lá, dormi, almocei, fiz compras e bebi inúmeros copos de pastis (bebida local). No dia seguinte, na companhia da adorável guia Geraldine Coureaud (do Madame Voyage en Provence), vi campos de papoula, visitei a distilaria de lavanda Les Agnels, o domínio vinícola e museu Château Turcan, recheado de prensas de vinho que datam da época da Idade Média…
E como alegria pouca é bobagem, que tal jantar no restaurante La Bastide, com uma estrela no Michelin? Eu tive esse privilégio. Dentro do Capelongue (os três hotéis pertencem ao grupo francês Beaumier), o local é um desbunde. Desde o serviço, pronto a propor sugestões vegetarianas de última hora, até uma atenção especial na escolha dos vinhos, ele ganhou minha estima. Em meio à arvores centenárias e uma paisagem de tirar o fôlego, degustei Ervilhas e couve-flor cremosa com ruibarbo; Aspargos Mallemort como um risoto e emulsão de sálvia; Aipo crocante com trufa negra, molho blanquette de legumes…Um banquete de sensações e de aromas. Ali, sem dúvida, sente-se e respira-se a Provença em todo seu esplendor.
E para finalizar, nada melhor que uma esticada até o Les Roches Rouges, na cidade de Saint-Raphäel na Côte d’Azur, lendário destino no sul da França. Aos pés do maciço de Esterel, localizado em frente ao mar, num ambiente protegido em frente à Ile d’Or, o Roches Rouges implantou sua arquitetura modernista, característica do final dos anos 1950, entre pinheiros e as tamargueiras. A déco dos 44 quartos, com mobiliário, obras de arte e peças de decoração com ares vintage, é dividida entre azul celeste, branco e ocre-vermelho.
Cursos matinais de pilates, passeios de barco, esportes variados, almoços e jantares no delicioso restaurante La Plage, tudo ali é milimetricamente organizado. Desde os garçons, o próprio chef estrelado local José Bailly, a equipe do hotel, todos estão em sintonia com a natureza e com o mar. A palma de ouro vai para a piscina natural de água salgada com trinta metros, escavada dentro de um rochedo, além da raia de natação ao longo da costa. Quel bonheur!