Depoimento a João Victor Marques
Um dia na vida de Tássia Reis, que se mudou para o interior para ficar perto da família na pandemia, e prepara a turnê de seu quarto álbum de estúdio, “Próspera D+”.
A Bazaar acompanhou a rotina da rapper e descobriu curiosidades do seu dia a dia, como o ritual do cafézinho com a mãe e as cinco horas de ensaio por dia. Veja na íntegra abaixo:
7h30
Ultimamente, tenho acordado cedo. Sempre reservo as manhãs para fazer coisas para mim e que me fazem bem. Não gosto de marcar trabalhos nesse período. Tem dias que é impossível, mas evito. É sempre um momento de pensamentos, bons sentimentos e boas vibrações.
9h30
Gosto de ter um tempinho enrolando na cama. Geralmente, uma hora depois que acordo. É massa demais. É um momento em que fico desejando coisas boas e fazendo afirmações positivas para o meu dia e para os meus compromissos daquele ciclo.
10h
Já estou bem acordada e gosto de tomar um banho de água fria pela manhã, aproveitando para fazer meu skincare matinal com produtos frescos. Sempre em três etapas, sou metódica e gosto de dividir certinho com cada produto e a proposta deles.
10h30
Por volta desse horário, me sento para tomar café da manhã. Amo sentir o cheiro de café passado na hora, sabe? Como a minha mãe também ama, temos esse ritual diário de tomar café juntas. Neste último ano, por conta da pandemia, decidi vir morar com a minha família – meus pais, minha irmã e meu cachorro, na nossa casa em Jacareí (interior de São Paulo). Fiquei mais tempo em casa, viajei bem menos para trabalhar e aproveitei para vir para cá. Meus pais e minha família são incríveis e pensei: “Não vou perder essa oportunidade de estar mais com eles”. Grandes coisas e momentos. Amo ir ao mercado com meu pai, cantando no carro com ele, por exemplo. Coisas gostosas de viver e das quais estava com muita saudade.
Voltando ao café da manhã, gosto sempre de comer uma fruta – geralmente, banana ou maçã. Como, também, uma tapioca com queijo e peito de peru. Ou, então, um misto quente feito com pão integral. Sempre tem uma frutinha, um sanduíche, uma tapioquinha, café e suco.
11h30
Curto um pouco a minha casa e tenho duas práticas comuns, dependendo do dia: ou faço algum exercício físico, ou faço terapia, que é algo muito importante e bom para mim. Fiquei apaixonada por pilates nos últimos tempos. Comecei a fazer em casa, mas é muito mais legal no estúdio com os aparelhos. Alonga, mas também fortalece muito nosso corpo. Acho bem vibes!
14h
Tenho ido todos os dias para São Paulo, que é perto, ensaiar meu show que vai rodar o Brasil e o mundo. Finalmente, voltamos. Estou muito ansiosa! Este vai ser do meu novo álbum chamado “Próspera D+” (quarto registro de estúdio da rapper, com participações de Tulipa Ruiz, Urias, Preta Ary, Monna Brutal e Melvin Santhana), que lancei em outubro.
15h
Já estou no estúdio ensaiando, em um espaço que amo muito e fica no bairro de Pinheiros. Preferimos pegar um estúdio na capital porque todos os meus músicos são de lá. Ficamos umas quatro ou cinco horas direto testando tudo, experimentando coisas e tons para fazer ao vivo. Mas este tempo longo é atípico: normalmente, quando fazemos ensaios normais, sem ser para a turnê, ficamos só umas duas ou três horas na labuta musical.
16h
Meu perfil de artista é de muita criação. Então, já vou para o estúdio com muitas ideias do que fazer, do que ousar, onde explorar cada coisa. Minha cabeça não para nunca. Fico na minha casa pensando e criando sozinha. Mesmo tendo este perfil mais para frente, não abro mão da troca no estúdio. Gosto de ouvir e saber a opinião de todos os músicos que trabalham comigo. Um deles, em específico, o John, produz o show comigo e ouço muito as ideias dele. Todos têm espaço para falar e despejar suas loucuras.
Montamos um setlist, mas paramos tudo e testamos aquela sequência de músicas. Já vemos o que funciona e o que queremos trocar. Somos muito abertos a experimentar uma música que acordamos pensando aquele dia e já aproveitamos para fazer um cover daquele som. Tudo tem uma proposta criativa muito legal para mim. Tem que ter um porquê para estar ali.
18h
O ensaio já acabou e amo dar uma parada em uma padaria bacana e me deliciar com um biscoito doce ou uma torta de frango. Amo comer, na verdade. Se é um dia mais quente e estou com a noite livre, de repente, o que seria um cafezinho pode virar um drinkzinho ou um vinho.
19h
Chego em casa e dou uma geral no meu celular, respondo todos os grupos do WhatsApp, principalmente os de trabalho, porque, quando estou no estúdio, fico longe do celular. Vejo se preciso entregar alguma coisa, se estou devendo alguma informação para alguém, porque sou dona da minha própria empresa, das minhas músicas, da minha marca – que está inativada no momento, mas existe.
Se precisar trabalhar, sento em um lugar gostoso com o computador – pode ser na rede ou no meu quarto mesmo. Às vezes, também fico na sala com meus pais, trabalhando perto deles, enquanto estão fazendo as coisinhas deles.
21h
Quando finalizo tudo, gosto de tomar outro banho e dar uma energizada boa no meu corpo. Amo acender um incenso e meditar por um tempo. Aproveito, também, este tempo, para fazer meu skincare da noite.
22h
Assisto a uma série ou um leio um livro para encerrar o dia tranquila. Fiquei obcecada pela décima terceira temporada de “RuPau’sl Drag Race”, e por “Lovecraft Country”, que pirou minha cabeça. De livro, ganhei o “Amada”, da escritora Toni Morisson, e uma versão nova do “Casa de Alvenaria”, de Carolina Maria de Jesus. Ambos são livros grandes e de mulheres pretas que me inspiram, e quero ler com bastante calma.
23h
Preciso dormir de seis a oito horas. Quando isso não acontece, fico ruim. Tenho conseguido deitar cedo até. Uma coisa curiosa: gosto de dormir de janela aberta, sentindo o vento fresco entrar no meu quarto, tendo a Lua e as estrelas no meu campo de visão. Acho que sou meio romântica. Me sinto parte do universo. Mesmo que uma parte pequena.