
Doja Cat usa vestido, jaqueta e cueca Dolce & Gabbana. Brincos Panthère de Cartier e colar Cartier Beautés du Monde. (Foto: Mario Sorrenti)
Entrevista por Angie Martinez, com fotografia de Mario Sorrenti, styling por Edward Bowleg III
Pode-se argumentar que foi durante a pandemia que a internet finalmente nos subjugou – precisamente quando Amala Dlamini, conhecida como Doja Cat, se tornou uma estrela pop mundial.
Dlamini, 27 anos, nasceu em Los Angeles e passou parte da sua infância com sua mãe em um ashram liderado pela musicista de jazz Alice Coltrane. Mas ela também é um membro de geração conectada cujo DNA criativo é definido não por uma coleção de disco, mas por uma torrente de músicas, sons, clipes e memes. Ela vem lançando músicas há mais de uma década, mas sua explosão no mainstream aconteceu no fim de 2019 com “Say So”, uma mistura poderosa de disco, hip hop e funk que se tornou um surpreendente sucesso às vésperas do lockdown, inspirando um desafio de dança no TikTok.
Desde então, estrelou mais hits, tours, e um Grammy por Melhor Duo Pop/Performance em Grupo por “Kiss Me More”, uma colaboração com SZA do álbum “Planet Her”, de 2021. Em junho, ela lançou “Attention”, o primeiro single do seu novo álbum, “Scarlet”, que será acompanhado por sua primeira arena tour no outono do hemisfério norte.
Dlamini sentou com a lenda do rap-radio e empresária da mídia Angie Martinez para discutir arte, fama e encontrar o seu caminho – no Instagram e na vida real.

Vestido Versace, brincos Cartier e anéis Panthère de Cartier (Foto: Mario Sorrenti)
Angie Martinez: A definição de ícone é “uma pessoa ou uma coisa considerada como um símbolo representativo ou digno de veneração”. Você se vê como digna de veneração?
Doja Cat: Não. Acho que eu mereço amor e respeito das pessoas que amo e respeito de volta – e acho que respeito significa coisas diferentes para algumas pessoas. Me exponho nas redes sociais e TV. Lanço minha imagem nessas telas. Mas eu realmente não me exponho na vida real. Não vou para baladas. Continuo criando.
AM: Você se inspira em outras pessoas e suas energias?
DC: Amo feedback positivo. Aprecio quando as pessoas defendem alguém que está sofrendo bullying ou sendo atacado pelos trolls da internet… Alguns dos momentos mais emocionantes para mim foram quando meus fãs me defenderam ou outras pessoas. Isso é lutar por algo real. Eu realmente aprecio isso porque as pessoas gostam de falar besteira.
AM: Amo o novo single, “Attention”. Você entra em sua fase rapper.
DC: É uma espécie de introdução ao que está por vir. Este novo álbum é mais introspectivo, mas não estou me inclinando tanto para isso a ponto de ficar chato. Então, quero apresentar histórias e bops. É uma boa mistura dos dois. Acho que este projeto é uma tela muito divertida para eu brincar com as minhas habilidades do rap e falar sobre o que está acontecendo na minha vida. Mas não estou abandonando quem eu era ou o que sei sobre pop, cantar e esse aspecto da música.
“Não me sinto como um adolescente perdido. Me sinto como uma mulher que está se tornando própria”
AM: Você é uma artista muito visual também. Qual é o papel da imagem no que você faz, especialmente com moda?
DC: Estou assumindo mais controle sobre as filmagens e fotografias. Estou em um lugar meio caótico agora quando o assunto é moda, em que só tenho entrado no meu closet e escolhido as coisas mais aleatórias, estranhas, inadequadas para misturar com outra coisa que realmente não combina. Mas estou abraçando isso. É um pouco punk. É experimental com certeza. É muito maníaco. Mas estou indo em uma direção mais sombria quando se trata de visuais e moda. Tenho muitos sentimentos e raiva reprimidos, e quero expressar isso com beleza. Tenho brincado com muitas próteses ultimamente.

Vestido Diotima, brincos Cartier e também da própria Doja. Anéis Panthère de Cartier. (Foto: Mario Sorrenti)
AM: A prótese de gato que você usou no Met Gala era incrível. Ela foi sua ideia?
DC: Sim. Eu disse: “Quero ser um gato humanoide”.
AM: Você definitivamente ultrapassa os limites. Por que você acha que as pessoas ficam loucas quando você faz coisas como raspar o cabelo ou as sobrancelhas?
DC: Minha teoria é que se alguém nunca me conheceu na vida real, então, inconscientemente, eu não sou real para eles. Então, quando as pessoas se envolvem com alguém que eles nem mesmo conhecem na internet, elas meio que se apropriam daquela pessoa. Elas pensam que aquela pessoa pertence a elas de alguma forma. E quando aquela pessoa muda drasticamente, há uma resposta de choque quase incontrolável… Aceitei que é isso o que acontece. Então, coloco e tiro minhas perucas. Raspo minha cabeça e sobrancelhas. Tenho toda a liberdade do mundo.
“Me exponho nas redes sociais e TV… Mas eu realmente não me exponho na vida real”
AM: O que você imagina que há no futuro para você?
DC: Há outros tipos de projeto que quero me dedicar. Quero fazer roupas, lidar com maquiagem. Quero explorar a atuação.
AM: Você imagina a atuação se tornando uma grande parte da sua carreira
DC: Eu ia amar fazer filmes em que acredito. Teria que parar a música por um minuto. Mas estaria disposta a mergulhar na atuação por um certo período de tempo. Amo comédias e filmes de ação. Quero aprender artes marciais e participar de um filme tipo “John Wick”.
AM: É verdade que você quer fazer stand-up?
DC: É algo que eu definitivamente considerei. Na verdade, subi no palco com Craig Robinson recentemente. Ele apenas senta no piano e toca músicas, mas ele faz isso do seu jeito engraçado. Subi no palco e cantei com ele em um clube de comédia. Foi muito discreto. Estava lá com um dos meus namorados.
AM: “Um dos meus namorados” é engraçado. Você cria espaço para o amor na sua vida.
DC: Eu amo o amor. Sou possivelmente uma serial namoradeira. Eu definitivamente tive isso em mim um pouco. Mas, agora, estou num lugar diferente da minha vida, em que estou muito comprometida e muito apaixonada de uma forma diferente do que antes. Acho que evolui. Estou aprendendo a me amar, então o jeito que amo outras pessoas é diferente. Não me sinto como um adolescente perdido. Me sinto como uma mulher que está se tornando própria.
Cabelo: J Stay Ready; maquiagem: Frank B para LoveSeen; manicure: Saccia Trinice; produção: One Thirty-Eight Productions; set design: Phillipp Haemmerle. Agradecimento especial a Buttercup Venues.