Com ela ninguém pode: Suzi Pires fala da sua estreia na Disney+

A icônica Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, a famosa escada oval ficou lotada, no início do mês, como há muito não se via. Todos queriam prestigiar Suzi Pires, entre amigos, convidados, jornalistas e fãs, no evento de lançamento oficial, seguido de uma sessão de autógrafos, do seu livro “Dona de Si” (DVS Editora).

É o primeiro da carreira da atriz, que também é roteirista e escritora. “Maior carinho do mundo ter trocas físicas de novo com quem acompanha meu trabalho. Muitas fãs lembravam de lives fortes, legais e potentes que fiz durante a pandemia. Senti que marcou muita gente. Aliás, este livro nasceu neste período”, conta à Bazaar, entre uma enrolada e outra de babyliss, no dia seguinte ao lançamento, em um estúdio no bairro da Lapa, onde foram feitas as fotos deste editorial.

Os primeiros meses de isolamento de Suzana Pires de Carvalho foram bem duros, emocionalmente falando (como para a maioria do mundo): tinha lançamento nacional do longa “De Perto Ela Não É Normal” (disponível no Telecine Play), que protagoniza, roteiriza e produz, mas tudo teve de ser cancelado. “Íamos passar por quase todas as capitais. Elenco enorme, estrutura gigante.” Entretanto, artística e criativamente falando, foi incrível, segundo ela. “Estreei um longa no streaming, escrevi dois roteiros de filmes, duas séries e um livro”, completa.

O livro a que Suzi se refere é o que já está lançado. Com tiragem inicial de 3 mil exemplares, a obra é “um manual da mulher que faz acontecer”, em que mescla passagens de sua vida pessoal e profissional com ensinamentos empreendedores para as leitoras. “Empreender é construir sua própria vida. Fui traçando paralelos entre minha vida e tudo que já vivi e que quero transmitir para quem me acompanha”, contou. “Nesse mix, não fica uma leitura técnica e chata e tudo se torna bem amarrado.”

Além da estreia no mundo literário, a artista dedica seu tempo e capital social e intelectual ao Instituto Dona de Si, que é um braço de responsabilidade social que buscar acelerar talentos femininos a empreenderem em suas vidas e no mercado de trabalho. “O carro-chefe do nosso acompanhamento é online, então, girou super bem na pandemia.” São no mínimo 12 meses em que as “aceleradas” recebem todo o apoio de assistentes sociais, pessoas especializadas no mercado de investimento e muito mais.

Segundo ela, é muito mais que um curso. “Somos uma rede de apoio. As pessoas não estão soltas em uma plataforma. Tem para onde ligar, onde correr”, diz. E o negócio tem dado bem certo: atualmente, 14 pessoas trabalham no instituto, que já impactou mais de 1.500 mulheres diretamente, e outras 24 mil pessoas indiretamente, por conta da reverberação de tudo o que é compartilhado.

Entre todas estas iniciativas, a carreira artística de Suzana Pires vai muito bem, obrigado. No último mês, deixou de ser um talento exclusivo do Grupo Globo e assinou com a Disney+ no Brasil para, a partir de abril, contribuir como atriz e roteirista. Sua estreia será na primeira série nacional da plataforma de streaming chamada “A Magia de Aruna”, dando vida à bruxa Bruma. “Ela é fashionista, se veste toda de vermelho”, conta. “Fiz os primeiros testes de maquiagem e precisarei ficar mais de uma hora sentada só para fazer um efeito no meu olho”, completa, animada.

Fora isso, já dá os primeiros passos internacionais de sua carreira: no primeiro trimestre deste ano, viajou à Los Angeles para trabalhar como roteirista em uma produtora norte-americana que pertence ao grupo Disney. “É um show, um programa inédito que ainda não posso dar detalhes.”

Sendo uma mulher livre e independente, que vive, consome e produz arte no Brasil há muitos anos, a atriz não hesita em dizer que tem pavor da forma como o atual governo do País lida, trata e desmerece a cultura por aqui. “Me sinto sendo assassinada todos os dias. Sinto o desrespeito na pele. Sinto as mentiras. Elas querem exterminar quem pensa e coloca para fora, que são os artistas, no caso. Tenho pavor dessa gente”, dispara, completando: “Minha esperança no Brasil vem da inquietação, que faz a gente buscar o futuro, independente do que aconteça”.

No auge dos 45 anos, Suzi Pires empresta sua força feminina para empurrar outras como ela para cima, sempre com muito carisma, criatividade e bom humor. É dona de si, não tem jeito. “O que me faz cada vez mais dona de mim? Orgasmo, né, amor? Uma mulher que goza ninguém derruba.”

Produção de moda: RENATA MASSARANI; cabelo BETYNHO; produção executiva: OCTÁVIO DUARTE (ODMGT); assistente de fotografia: CAIO PORTO; tratamento de imagem: LS RETOUCH