-Amor?
-Oi.
-Tá ocupado?
-Não, fala…
-Ainda não achei um tema pra crônica dessa semana.
-Nossa, passa muito rápido, né?
-Pois é.
-Vamos, ver… O que a gente fez ontem?
-Nada. Já pensei sobre ontem, não teve nada assim, que vire um texto, no máximo uma twittada.
-E o menino a padaria?
-Qual menino?
-Aquele que você viu paquerando uma menina e achou que ele fazia melhor que os seus amigos.
-Ah lindo, não posso escrever numa crônica que um menino de cinco anos sabe paquerar melhor que os meus amigos de 30.
-Verdade, eles não vão gostar.
-E se você escrever sobre crianças?
-Crianças?
-É, criança é esquisitinho…
-Eu sei, também acho, mas talvez as pessoas pensem que eu não gosto de crianças.
-Sei.
-E a gente não pode não gostar de crianças.
-Não?
-Não amor, não pode.
-E casamento?
-Tipo?
-Ah, essa coisa de festa de casamento que a gente tem que se vestir, e tem que dar presente.
-Hummm…
-Quantos casamentos a gente teve esse ano?
-17.
-Então.
-Não. Vai parecer indireta que eu acho um saco ter que ir, minhas amigas podem ficar magoadas.
-Sei, a gente também não pode achar chato ir a casamentos?
-Isso.
-Entendi…
-Eu ia escrever sobre essa coisa de fim de ano, que a gente tá tão exausto que empurra tudo com a barriga, sabe?
-Boa, escreve sobre isso!
-Não consigo, tô tão exausta desse assunto que preferi empurrá-lo com a barriga.
-E Natal? Papai Noel?
-Escrevo o meu bode natalino desde 2007, queria passar um ano sem ser a megera.
-Também não é legal não gostar de natal?
-Não, até que é legal sim…
-Mistura tudo. Escreve sobre paquera, casamento, crianças e natal. A vida é meio que isso mesmo.
-Tá.
-Só não me coloca no texto, você sabe que eu não gosto.
-Pode deixar.
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