
“Aproximar as pessoas da arte e da cultura.” Esse é o mote da mente criativa da jornalista, curadora e art adviser Ana Carolina Ralston, que se reflete na cobertura em que vive, na Vila Nova Conceição, em São Paulo. Há quatro anos, ela divide o duplex com o marido, Rodrigo Ohtake, designer e arquiteto.
Fechado havia tempo, o apartamento passou por uma reforma de seis meses, que ficou a cargo do próprio Rodrigo. Ao final, serviu como cenário perfeito para a cerimônia de casamento entre os dois.

Já o edifício tem 30 anos de história. Projetado pelo sogro, Ruy Ohtake, foi uma encomenda para homenagear a mãe artista plástica, Tomie Ohtake. A fachada do edifício guarda uma imensa empena desenhada por ela. “Costumo dizer que a gente tem aqui reunidas as três gerações ohtakianas”, brinca Carol.
Nota-se que tudo ali respira arte e design. “Gostamos de cores vibrantes, acho que trazem luz, vida, deixam a casa mais alegre. Então, a gente não tem problema em misturar cor e textura.”

Tudo foi pensado a partir do móvel Fita, um híbrido de mesa e sofá de madeira desenhado pelo marido, que divide a sala logo na entrada. “Quisemos fazer uma coisa lúdica, mas bem orgânica”, afirma a jornalista de 35 anos, que participou ativamente da decoração. O primeiro andar abriga a sala, cozinha, o quarto do casal e uma biblioteca – seu local preferido -, onde mantém publicações de literatura e livros-obras de artistas.
É no segundo andar que os dois passam mais tempo. Lá fica o escritório do casal, uma biblioteca com livros de arte, design e arquitetura. O ambiente inteiro serve tanto para reuniões como para encontros entre amigos. É ali que aparece a mais recente comprinha: uma luminária desenhada por Frank Gehry com formato de espuma.

Ao lado da escada, o imenso tapete roxo felpudo é o espaço predileto da dachshund Viga, que traz mais vida ainda à cobertura. No fundo, a fachada envidraçada se abre para um piso azul que dá na piscina de ladrilhos amarelos.

A parede da área externa foi pintada de rosa. “Foi um pouco sem querer, a piscina já tinha essa cor, só que a parede era pastel. Ficou uma coisa meio Luis Barragán“, compara, em referência ao arquiteto mexicano conhecido pelas muitas cores de seus projetos.

Junte tudo isso a uma pequena horta de temperos, como hortelã e alecrim, que Carol usa nas bebidas de suas festinhas. “Para receber em casa, precisamos saber preparar drinks!” Do outro lado, limoeiro, pitanga, romã, jabuticaba – herança da infância na fazenda da mãe, em Barretos (SP). “Se elas crescerem demais, a gente leva para algum parque. Mas é uma questão de trazer sossego para dentro, planta faz a gente se conectar consigo mesmo”, diz. “Ainda quero trazer mais, é uma luta entre mim e o Rodrigo. Ele é mais da estrutura, da arquitetura”, ri.

As memórias de infância ainda dão espaço para alguns móveis rústicos que vieram da fazenda e convivem com peças de Zanini de Zanine, Bruno Simões, para citar alguns. Parte da paixão pelos designers latino-americanos. “Nós dois saímos bastante, fazemos reunião fora. Quando voltamos, trabalhamos em um ambiente aberto, você vê o dia começando e acabando”, diz.

Sua rotina mudou recentemente, quando decidiu largar o ritmo de redação de revista para se lançar em uma empreitada solo. Criou o site que leva seu nome, em que publica matérias sobre arte, design, literatura, gastronomia e lifestyle. Dicas que ela tem de sobra para dividir com seus leitores. “Tento usar as redes sociais de modo a buscar esse leitor, e fazer com que ele se aprofunde naquilo que gosta.”