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Por: Diogo Mesquita
No dia 3 de dezembro, o Instituto C&A, pilar social da gigante da moda, celebrará a 3ª edição do Fashion Futures, premiação que reconhece ideias, projetos e pessoas que, assim como a empresa, enxergam o mercado não apenas como um fim, mas como um meio de transformação e inclusão.
Na noite festiva, serão reveladas as três iniciativas mais inspiradoras em cada uma das quatro categorias abertas para inscrições, além de outras duas, exclusivas para reconhecer profissionais que atuam diariamente na luta por uma moda vertical e participativa, em contraponto à imposição de padrões irreais e excludentes.
E, como infelizmente não é possível premiar todos os inscritos, a difícil tarefa de determinar as vencedoras da noite ficará a cargo de um timaço de “ativistas da moda”, que no Fashion Futures são chamados de “banca apreciadora”, e não “banca julgadora”.
Patrícia Carta
De uma família de comunicadores, Patrícia Carta compreendeu o poder e a importância da informação de qualidade antes mesmo de escolher seu caminho. Desde cedo, enxergava a moda como ferramenta de transformação. Publisher da Carta Editorial e diretora da Harper’s BAZAAR Brasil, Patrícia estudou publicidade na FAAP e fez um curso de moda na Parsons School, em Nova York. Foi estagiária na agência DPZ, na área de criação, e iniciou sua carreira como assistente da diretora de moda da Vogue, Regina Guerreiro, em 1981. Assumiu o cargo de editora de moda da mesma revista de 1987 a 1992, quando foi contratada para a mesma função na Revista da Folha, onde permaneceu até 2003. Em 1997, retornou à Vogue como diretora de moda, atuando simultaneamente nos dois veículos. Em 2003, assumiu a posição de publisher e diretora da Carta Editorial. Em 2010, com o fim da parceria com a Condé Nast, a Carta Editorial licenciou e lançou, no ano seguinte, a Harper’s BAZAAR no Brasil, da editora Hearst. Curadora adjunta de moda do MASP entre 2015 e 2018, participou da organização da primeira exposição com o acervo completo da Rhodia/MASP, em 2016, e colaborou com a primeira parte da coleção Renner/MASP, exposta de março a junho de 2024.
Após acompanhar e participar da transformação do mercado de moda no Brasil, Patrícia acredita que, apesar da evolução, a luta ainda está longe de terminar. “Idealizo um futuro em que a moda seja acessível, diversa e de alta qualidade, respeitando todas as cadeias de produção e oferecendo peças desejáveis e criativas para todos”.
Hanayrá Negreiros
Hanayrá Negreiros é curadora, pesquisadora de moda e doutoranda em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com foco nas histórias do vestir da diáspora africana no Brasil. Entre seus principais trabalhos, destacam-se as atuações como curadora adjunta de moda no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e como curadora interlocutora na Bienal State of Fashion 2024.
Ela acredita que a moda é mais uma arma que uma arte. “A moda pode influenciar mudanças sociais, pois é um veículo de expressão cultural e política. Ao valorizar práticas sustentáveis e comunidades diversas, a moda questiona o consumo e promove identidades mais inclusivas e responsáveis”.
Daniela Falcão
Nascida em Salvador, Bahia, Daniela Falcão formou-se em jornalismo pela Universidade de Brasília. Reconhecida como um dos maiores nomes da imprensa de moda brasileira, a comunicadora começou sua carreira em veículos nordestinos, abordando temas de comportamento, seguindo para cultura, política e cidade em grandes jornais, como a Folha de São Paulo. A partir de 2003, Daniela entrou no mundo das revistas, onde construiu uma carreira de quase 20 anos, passando por TPM, Trip e Vogue, onde alcançou seu maior destaque. Durante a pandemia, ela voltou às suas raízes no Nordeste e decidiu mudar sua carreira, tornando-se dona de sua própria empresa, o Nordestesse. Por meio desse hub, Daniela utiliza toda sua experiência e conhecimento para encontrar designers de moda e arte nos estados nordestinos e apoiá-los com mentorias, eventos e conexões, reforçando a importância cultural e criativa da região.
Com a curiosidade típica de todo jornalista, Daniela Falcão compartilhou o que espera da edição de 2024 do Fashion Futures. “Quero conhecer de perto quem está fazendo essa revolução e entender melhor seus processos. Sei de ótimas iniciativas, mas tenho certeza de que há centenas que ainda desconheço. O Fashion Futures é uma injeção de otimismo e prova de que estamos evoluindo muito no desafio de criar uma moda mais responsável”.
Alexandra Farah
Mineira, Alexandra Farah é reconhecida por sua trajetória como jornalista especializada em moda, tecnologia e sustentabilidade. Graduada em Jornalismo, especializou-se em moda no renomado Fashion Institute of Technology (FIT), em Nova York. Foi diretora do site Chic, por Gloria Kalil, e apresentadora do Moda & Negócios, na BandNewsTV. Durante 15 anos, deixou sua marca na Vogue Brasil, como colunista de tendências de moda, além da criação de novos produtos editoriais como Miss V e Vogue Tech. Seu compromisso com a disseminação do conhecimento a levou a fundar o Festival de Cinema e Moda, Filme Fashion, em 2003, e a publicar o livro “101 Filmes para Quem Ama Moda”, pela editora Senai-SP.
Alê Farah já viu os dois lados da moda e fez sua escolha, resumindo de forma clara e direta o modo como enxerga o meio atualmente, que não por coincidência, é também uma síntese do que acreditava o Instituto C&A para assim lançar o Fashion Futures, que mais que premiar, enaltece e promove um pensamento diferente e carinhoso para o futuro da moda. “É óbvio que a gente não consegue de um dia para o outro fazer a grande revolução, mas ela está acontecendo, a revolução está acontecendo sob os nossos olhos e através das nossas mãos com iniciativas como o Fashion Futures”
Kamila Merle
Mestre em Qualidade e Metrologia pelo Inmetro, formada em Engenharia Têxtil, com pós-graduação em Gestão da Qualidade e Engenharia de Produção, além de um MBI em Indústria 4.0 com foco em confecção, Kamila Merle construiu uma carreira sólida ao longo dos anos. Atualmente, é gestora nacional de moda no SEBRAE, onde atua em rede com os estados para transformar a moda no Brasil. Dedica-se ao desenvolvimento competitivo de pequenas empresas, promovendo competitividade, sustentabilidade e inovação. Acredita no poder do trabalho com propósito e na capacidade da moda de influenciar positivamente a sociedade.
Kamila fez de sua trajetória uma missão e hoje é mais uma “guerrilheira da moda” em um campo de batalha ainda perigoso e hostil. “Ao usar a moda como uma plataforma de diálogo e engajamento, conseguimos promover mudanças significativas, desde a conscientização sobre questões sociais até a inclusão de grupos historicamente marginalizados. É uma forma poderosa de influenciar comportamentos, inspirar atitudes e moldar o mundo de maneira mais justa e inclusiva”.
Luara Proença
Especialista em moda e gerente sênior de estilo na C&A, com mais de 20 anos de experiência no varejo, Luara Proença formou-se em Desenho de Moda pela faculdade Santa Marcelina e pelo IED Milão. Participou do Fábrica Morumbi Fashion e construiu sua carreira em grandes empresas do setor, além de atuar na área acadêmica. Sagitariana, apaixonada pelo universo da moda e por movimentos de consumo, acredita que inovação, inspiração e uma cadeia responsável são fundamentais para construir estratégias que impulsionam marcas no mercado.
Em um mundo em constante transformação, Luara não vê mais espaço para a moda sem um caráter participativo. Para ela, não é mais uma opção, mas uma necessidade. “Por muito tempo, a moda esteve associada à exclusão e à representação de uma minoria. Pensar moda com um olhar inclusivo e sustentável é fundamental para atender às necessidades e aos valores de uma sociedade cada vez mais consciente e diversificada. É um investimento no futuro, no qual o respeito ao indivíduo e ao planeta caminham juntos”.