
Por Dudi Machado, com fotos de Vicente de Paulo, edição de moda de Antonio Frajado e beleza de Augusto Rebello (Capa MGT)
A estupenda vista da Lagoa Rodrigo de Freitas e o Cristo Redentor dão boas-vindas a quem chega à casa de Lucia Koranyi Christoph, no Alto Leblon – cenário mais carioca é impossível. As obviedades, no entanto, param por aqui. “A cor e a luz do Rio me influenciaram sempre. Mas não sou da praia, sou do asfalto”, pontua numa frase que diz muito sobre quem é.
Casada há quatro anos com o empresário Eduardo Marinho Christoph, mãe de Cecília, 2 anos, escolheram o bairro por ser mais afastado da lotação à beira-mar. A casa, que teve uma ajuda providencial do arquiteto Ronald Cavaliere, é o oásis particular dessa designer de mão cheia.

Combina com o estilo que percorre uma nova geração de cariocas, que buscam e têm um olhar menos caricato de sua própria carioquice. Um Rio que olha menos para o mar e mais para o que acontece nos entremeios das ruas da cidade, que segue maravilhosa. “Gosto de estamparia minimal e clean. Adoro estampas, mas não sou figurativa: nada de frutas, hibiscos”, brinca.
Magra, angulosa e naturalmente classy, fazia, paralelamente, alguns trabalhos como modelo. Exemplos? Desfiles de Frankie Amaury, fotos para David LaChapelle… A carreira era promissora, mas preferiu encontrar seu lugar no backstage. Ligada em tecnologia desde sempre, se uniu à trupe Gema (coletivo carioca que, nos anos 2000, incorporou internet e vídeo em novo formato nonsense na cobertura das semanas de moda e da noite). Simultaneamente, com o amigo Antonio Frajado – que assina o styling desta matéria – realizava trabalhos de figurino.

Captada pelo radar sensível da designer Andrea Marques, foi cooptada pela própria. Em pouco tempo já fazia parte da equipe da grife. “Entrei lá para fazer uma assistência de dois meses. Não sabia nem desenhar. Inscrevi-me num curso e logo estava fazendo as estampas. Na minha última temporada, desenhei quase todos os prints da coleção. Mergulhei também nos bordados, com direito a um curso de especialização na Central Saint Martins, em Londres. Fiz na Andrea peças praticamente únicas. Eu mesma bordava tudo. Era uma terapia.”

No início de 2014, em busca de novos caminhos, Lucia deixou a parceria para embarcar em um novo projeto, com data para 2015. A história toda, que ela ainda guarda a sete chaves, caminha em direção à moda-praia. Enquanto desenvolve a nova empreitada, dedica seu tempo a outras paixões. “O Sítio do Burle Marx é meu grande centro de inspiração aqui no Rio. Também vou à praia em Grumari, quando não tem ninguém, Búzios ou à serra, em Correas.”
E a casa, sempre. Por lá, recebem os amigos, “o melhor programa a se fazer numa cidade que anda meio capenga em relação à vida noturna”. Por isso, faz sentido a mega-aparelhagem de som instalada. “Temos uma coleção de vinil imensa, comprada em feiras aqui no Rio e em viagens”, diz a hostess, que não raro faz as vezes de DJ.

Para contrabalançar a veia notívaga, Lucia encara um momento green, com direito a academia, yoga e bike. Apenas mais alguns contrapontos que compõem a ótima equação dessa mulher de fino trato.