Mulheres que inspiram: conheça a ativista climática Mikaelle Farias

Foto: Divulgação

Por Cecilia Madonna Young

Quando se é jovem em um mundo cercado pelo preconceito etário – que atinge igualmente os opostos geracionais –, é comum escutar frases que buscam anular a potência do discurso. Para Mikaelle Farias, de 21 anos, essa censura não tira o seu foco, já que ela segue construindo a própria narrativa sem levar em consideração o tal do “deixa isso pra lá, não é assunto para alguém da sua idade”.

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Assim como ela, outros jovens tomam a dianteira em tópicos que ficaram ultrapassados, mostrando que a imaturidade passa longe da pauta. Se nas décadas passadas os rompantes juvenis eram considerados frutos da alienação dos festivais hipongas, agora tem muita gente que se permite escutar o que essas vozes têm a dizer, talvez por elas serem pertencentes à revolução tecnológica, o que tem “bugado” a tradicional sociedade.

O mundo acelerou o passo e quem segue o ritmo das mudanças sem perder o fôlego é justamente a turma mais nova, da qual Mikaelle Farias faz parte. Natural de João Pessoa, capital da Paraíba, ela não precisou de tempo extra para entender a crise climática que assola o planeta. Em 2019, decidiu reunir um grupo antenado para entrar nessa luta com ela.

“Sou estudante de Engenharia de Energias Renováveis, na Universidade Federal da Paraíba, e trabalho com pesquisas relacionadas a transição energética, que propõem, por exemplo, como podemos fazer uma cooperação ‘Sul-Sul’ para aprimorar as técnicas disponíveis para os territórios vulneráveis dentro desse eixo”, conta.

Mikaelle atua na área de transição energética, além de fazer um trabalho importante de mobilização na questão de justiça climática – o que permite desmantelar pensamentos errôneos sobre o assunto. Ela diz que uma das suas causas mais importantes é garantir o direito à vida das pessoas marginalizadas e defender os povos originários.

“Acredito que a mudança só será possível se cada um de nós fizermos parte dela. A transformação que quero ver é a equidade entre os povos em um mundo mais justo, mas só alcançaremos esse objetivo se todos defenderem a mesma proposta, principalmente àqueles que detêm reconhecimento e visibilidade.” E acrescenta: “Mas antes desse cenário acontecer é preciso empenho para que as pessoas continuem existindo, pois não há mudanças sem pessoas”.

Mikaelle é o exemplo perfeito de que a força parte do interior, independentemente da idade que se ostenta no documento. “Nós queremos ter o direto a um futuro e a pensar sobre as nossas próprias vidas. Infelizmente, somos parte de uma geração que teve que assumir responsabilidades porque os nossos ancestrais falharam.” A ativista climática também demonstra a sua força e preocupação como mulher. “O aquecimento global deve agravar a desigualdade de gênero – meninas e mulheres irão sofrer mais com os impactos do clima. Sem contar que são os homens que exercem a liderança, e precisamos que esse patriarcado se quebre. Contudo, o que me inspira a continuar nesta jornada é saber que as mulheres negras que vieram antes de mim contribuíram para que o povo preto estivesse de pé até hoje. É isso que me inspira a seguir adiante.”