A artista visual Helena Marc deu os primeiros passos na carreira profissional por meio da fotografia. Depois de 15 anos, ela aderiu a outras linguagens, incorporando a performance, o vídeo e o desenho ao seu portfólio. “Em 2012, a convite da organização do Festival Hercule Florence, propus o projeto chamado ‘Casa Azul’, uma ocupação cultural que apresentou a exposição ‘Incômodo’, da qual realizei a curadoria e a produção. A partir desta experiência, percebi que, mais do que criar, queria viabilizar outros artistas através de um espaço acolhedor e multiplicador.”
Mas o caminho até a realização do sonho não foi fácil. Helena precisou driblar as dificuldades e a falta de apoio. Por pouco ela não desistiu. “Quando menos esperava, recebi o convite para coordenar os cursos do Espaço Breu, um local independente, gerido por artistas. Isso foi em janeiro de 2020. Em março, fomos acometidos pela pandemia e precisei adaptar a metodologia para o online. Infelizmente, o lugar encerrou as atividades em julho, e pensei que aquela poderia ser uma oportunidade de fazer o meu próprio espaço, começando pelas plataformas digitais.”
Assim nasceu o Lux – Helena escalou amigos e parceiros para compor o conselho consultivo educacional e emplacou a dinâmica digital na grade curricular. “Oferecemos inicialmente atividades para a formação de artistas e de entusiastas das artes. Em um ano de existência, já contamos com 46 cursos e mais de 650 alunos, sendo um terço deles bolsistas, priorizando pessoas negras, indígenas e transgêneros.”
Pensando no futuro, a diretora do Lux tem estruturado ações presenciais em caráter experimental e a busca por patrocinadores para a concretização da sede física. “Estamos no pior momento que nós, millennials, já vivemos: crise sanitária, econômica e política, todas ao extremo. Mesmo assim, prefiro ser otimista e pensar que, por meio da cultura e da educação, podemos mudar o mundo. Se não der certo, sei que nos adaptaremos de alguma forma.”
“Para mim, é imprescindível ter algo a almejar e fantasiar a fim de traçar um caminho e não ficar apenas andando sem rumo, por isso, o positivismo é uma escolha de sobrevivência pessoal. Pergunto-me constantemente sobre a dimensão da nossa potência transformadora como indivíduos e como comunidade, para que, de alguma forma, possamos entender o que está ao nosso alcance nessa busca pelas modificações que achamos necessárias. Talvez não consigamos alterar a sociedade e a cultura de uma maneira geral, mas acredito que podemos potencializar as nossas ações quando entendemos o tamanho da nossa influência sobre as pessoas que estão ao nosso redor”, diz Helena Marc.


