
Na porta de entrada do apartamento paulistano de Luiza Valente, no 23º andar, um bowl com sal grosso, alho e pimenta fica bem ali do lado de fora para proteger o astral. A dona da casa é adepta de rituais e gosta de simpatias como “pular as sete ondinhas, tomar banho de sal grosso, comer lentilhas” no fim do ano. Desta vez, não pulou: passou o Ano Novo no Deserto do Atacama.
Globetrotter
Viagens estão sempre no roteiro. Ela e o marido, o consultor financeiro Murilo Nogueira, amam viajar. No fim de semana, vão para a praia ou para a fazenda Santa Elisa, em Holambra (SP), fundada pelo bisavô materno de Luiza (dona Elisa era sua bisavó). As peças que decoram o apartamento trazem lembranças de viagens mais longas: Marrocos, Jordânia, Egito, Tailândia, Camboja.

Arquitetura
Aos 29 anos, ela ainda bota fé na astrologia e numerologia, mas acredita também em pilotar o leme de sua vida. Formada em Arquitetura na Faap, começou a carreira com o pé direito. Atuou como estagiária no escritório do arquiteto e cenógrafo Felippe Crescenti, depois passou três anos trabalhando com Marcelo Rosembaum no programa “Decora”, do GNT, que fazia a reforma de um cômodo na casa de telespectadores selecionados. “A cena mais emocionante era observar a reação do dono da casa ao ver a obra pronta. Ninguém perdia esse momento.”

Outra emoção era trabalhar ao lado de um “ídolo master”. “Marcelo sempre usou o design e a arquitetura em projetos sociais. Ele viaja para comunidades supercarentes e leva informação para transformar o artesanato local em produtos rentáveis”. Trazidos de Várzea Queimada, povoado no sertão do Piauí, o cesto de palha e a máscara emoldurada em uma caixa de acrílico são exemplos dessa parceria. “Marcelo levou o trabalho deles para a feira de design de Milão e foi um estouro. Hoje, eles vivem disso.”

Paixão pelos doces
Mesmo embalada no caminho da arquitetura, Luiza decidiu mudar o rumo do barco e seguir em busca de outro sonho: ser confeiteira. Ela tinha acabado de começar a namorar Murilo – claramente uma razão para adiar o plano -, quando se mandou para Nova York para estudar confeitaria no ICC (International Culinary Center).

Voltou para São Paulo seis meses depois, com know how suficiente para mudar de ramo. “Comecei do zero de novo”, explica. “Essa coisa de correr atrás do que você quer, de ir atrás de seus sonhos, veio muito da minha mãe. Ela me ensinou a ter coragem e sempre me apoia em tudo”, diz.

A mãe, a pedagoga Denise Aguiar Alvarez, é presidente da Fundação Bradesco e neta do fundador do banco, Amador Aguiar. Antes de se desviar da arquitetura, Luiza fez um último projeto, o deste apartamento em que mora há dois anos, desde que se casou. “É difícil fazer um projeto para a sua própria casa. Quando escolhe para o outro, você tem uma visão de fora. Aqui, era um espaço para eu mesma viver, fiz mil testes até decidir cada coisa. Sou muito perfeccionista. A (arquiteta) Renata Gaia, uma superamiga, me ajudou a ter uma linha para me guiar. Foi uma delícia, ficou tudo do jeito que eu queria.”

O apartamento é decorado em tons claros, com um ou outro ponto de contraste, como o pilar descascado na sala, revelando a parede de cimento. As obras de arte ajudam a colorir os ambientes, como o quadro com folhagens de Mariana Palma e os banquinhos entrelaçados de Humberto da Mata.

Pelas janelas, a vista mostra um pouco da vida de Luiza. Ali está o parque do Ibirapuera, destino certo para as caminhadas do casal nos raros fins de semana que eles passam em São Paulo. A própria confeitaria de Luiza, Cozinha Nove Patisserie, fica também pertinho de sua casa. “O que mais gosto de fazer são sobremesas que reúnem os amigos em casa, que agregam, que trazem memórias.”