Maju de Araújo – Foto: Reprodução/Instagram/@majudearaujo

A voz, carreira e feitos de Maria Júlia de Araújo – ou Maju, como é conhecida – a colocam como um expoente do cenário social, onde debates de representatividade, inclusão e pertencimento, precisam ser fomentados cada vez mais. Maju foi a primeira pessoa com Síndrome de Down a desfilar em Milão e segue pelo mundo mostrando que a moda pode, sim, ser para todos.

Filha da empresária Adriana de Araújo e do analista de sistemas Orlando Pereira Dias, desde a infância, já se interessava pelo universo da moda e dos desfiles. Adorava brincar de desfilar e fazia caras e bocas como se estivesse sendo fotografada. E o sonho que parecia ser distante foi tomando forma com a persistência da família em realizar o desejo de Maju, que após voltar de um coma, em decorrência de uma meningite acordou e disse à mãe que queria ser uma “modelo famosa”.

As palavras de Maju soaram proféticas. Aos 16 anos, por meio do Projeto Passarela do Grupo MGT, foi considerada a nova descoberta como modelo e começou a estudar e a se profissionalizar na área. Entrou no curso School Models, onde lapidou seu talento natural e se formou em novembro de 2019.

“Quando não nos vemos representados, tendemos a nem tentar. Acreditamos que é impossível alcançar espaços em que normalmente não estamos, mas estou aqui para tentar desconstruir esse preconceito e mostrar que nós, pessoas com deficiência, podemos estar onde a gente quiser”, diz Maju sobre a representatividade.

Hoje, ela é considerada um fenômeno nas passarelas e no universo digital, onde produz conteúdos sobre múltiplos assuntos. A influenciadora que já desfilou em eventos de moda do mundo é embaixadora digital de uma gigante global da beleza, a L’Oréal Paris e assina uma coleção de joias da joalheria AHMI. Também atua como influenciadora digital, contando com a ajuda da mãe e da irmã, Larissa, para compartilhar com os seus mais de meio milhão de seguidores, os bastidores e o resultado de seu trabalho, além de reforçar todos os dias a importância da inclusão e chamar a atenção para o capacitismo.

E, apesar dos desafios com a fala, Maju se comunica bem, por meio de expressões e das Libras (Língua Brasileira de Sinais), que ela usou, inclusive, para participar de uma série, chamada “República”, produzida para o Instagram e que durou 6 meses.

Recentemente, a influenciadora também lançou a campanha “Eu escrevo a minha história”, que visa desconstruir a imagem estigmatizada que a sociedade tem acerca de pessoas com deficiências. A proposta é conscientizar que pessoas com Síndrome de Down têm potencialidades, sonhos, ambições, relacionamentos e, claro, seus propósitos de vida. A ação visa reforçar que todos merecem oportunidades, apoio e incentivo para trilhar seus caminhos com protagonismo.

Maju veio ao mundo para mudar a forma com que pessoas com Síndrome de Down são vistas. Ela está escalada para desfilar nas próximas Semanas de Moda de Milão e Paris. “Eu amo a moda”, afirma.

A mãe, Adriana, conta que a infância foi muito dura para Maju em relação a preconceito e exclusão, especialmente na fase escolar. “Ela sofreu, infelizmente. Era o momento mais importante para ser inserida na sociedade, e sofremos a dificuldade para ter oportunidade de estar na escola que podíamos pagar. Ela chegou a ser rejeitada”, lamenta.