Foi uma casa que mudou a vida de Renata Paraiso. Não por uma mudança geográfica ou por marcar um novo início, mas por revelar uma paixão que nem mesmo ela conhecia. Formada em Direito e estudando para concursos públicos, Renata não se via mudando de carreira até que entrou em uma casa até que entrou em uma casa abandonada no Itanhangá, bairro no Rio de Janeiro. “Quando pisei lá, não conseguia vê-la como estava, mas como poderia ficar. Decidi me mudar e reconstruí-la – tanto a parte externa quanto a interna”, lembra.
O jardim se mostrou um dos maiores desafios do novo lar, mas também foi onde a advogada se encontrou com uma nova paixão. “Me envolvi em sua recuperação e fiz um canteiro em formato de coração, em um lugar que não dava para plantar grama, mas que havia uma árvore. 15 dias depois, ela floresceu e pintou o coração de rosa. Lembro de entrar em casa, ver essa cena e chorar copiosamente. Entender que era para eu seguir aquele caminho. Foi aí que decidi estudar paisagismo”, completa.
O que começou como uma nova paixão, um estudo que ainda não mostrava sua aplicação final, se tornou uma nova profissão graças a uma amiga que iria se casar. Renata ofereceu o jardim – agora, reconstruído – de sua casa para ser o destino da celebração e, ao se envolver na decoração, descobriu a profissão em que aplicaria sua paixão pelo paisagismo. “Na época, vi que o Brasil estava seguindo uma linha norte-americana e europeia de casamentos diurnos, em ambientes naturais (como praias e fazendas), mas que as decorações ainda não seguiam essa proposta, já que os profissionais estavam acostumados a trabalhar em salões internos. Vi que existia uma oportunidade de mercado e estudei enlouquecidamente”, resume.
Renata já havia encontrado sucesso no Direito, pós-graduada e formada com honras, mas se deu a coragem para um novo salto. Com o apoio do marido e a preocupação da mãe, viu os amigos acharem que a decisão era um resultado do estresse dos estudos para concurso público. Dez anos depois, todos concordam que era o primeiro passo de uma trilha de muito sucesso. Mas a caminhada começou com muita pesquisa: arquitetura de eventos, empreendedorismo, marketing digital, design floral, iluminação… Ela estudou de tudo um pouco para se jogar no que acreditava e, em 2014, se lançou como a primeira decoradora especializada em eventos integrados à natureza.
O trabalho começou de forma artesanal, com Renata colocando a mão na massa. Depois, chegou uma assistente. Dois floristas. O time cresceu – e os desafios também. O que começou no jardim de casa, ganhou asas e alçou longos voos: Palácio do Tangará, Parque Lage, Copacabana Palace, um casamento em Lages com mais de três mil metros quadrados de área construída… a lista é longa. Os espaços deixaram de estar obrigatoriamente integrados à natureza, mas ela nunca está de fora de suas criações.
“Em julho, celebrei dez anos de carreira e quis presentear minha audiência. Por isso, fiz um documentário. Devo tudo a eles, porque não fui uma decoradora que cresceu por indicação, mas pela divulgação dos meus trabalhos nas redes, pelo público ter gostado do que faço e, assim, por ter encontrado meu lugar”, analisa. Assim como seus eventos, a primeira década de sua carreira ganhou uma comemoração grandiosa. Além de “Florescer”, documentário dirigido por Henrique Daniel (autor do documentário biográfico do surfista Gabriel Medina), Renata celebrou a data e o lançamento do curta com um evento co-hosted pela Tiffany & Co., no rooftop do Village Mall.
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A produção também foi a forma encontrada para a empreendedora comunicar a seus seguidores os desafios da mudança de carreira – e de como toda e qualquer experiência profissional constrói o próximo desafio. Renata Paraiso afirma que o Direito a ajudou a ser melhor nos negócios, já que carrega dele diferentes ensinamentos: como se comunicar e se expressar, como mediar relações entre clientes e fornecedores, além de um senso de justiça para guiar sua equipe. “Sou uma pessoa muito determinada, não vou desistir no meio do caminho. Acho que ter me formado em Direito me fez uma empreendedora muito forte”, acrescenta.
Da mesma forma, sua experiência como atriz a ajudou com outro ponto importante em seu trabalho: a criação de conteúdos. “Foi algo natural para mim – e até mais prazeroso, porque estou sendo eu mesma, não estou interpretando ninguém”, diz sobre ter vivenciado a ascensão do Instagram, onde soma mais de 430 mil seguidores. “Humanizei meu conteúdo antes mesmo de falarem sobre isso.”
Atualmente, Renata Paraiso destaca que tem escolhido fazer menos eventos para que possa se dedicar de forma integral a cada um deles. Detalhista e envolvida com todas as áreas, quer ter mais tempo para mergulhar nas histórias que conta, focando na qualidade e não na quantidade. “A gente precisa experimentar para se entender, se reconhecer.”
Quando questionada sobre qual conselho dá a quem, como ela, quer mudar o rumo da própria vida, Renata não economiza palavras: “Quando constatamos que não estamos felizes onde estamos, se omitir também é uma decisão. Vai dar medo, mas vai com medo mesmo porque a vida é uma só. A pior coisa é no futuro se arrepender do que não foi feito. É melhor decidir mal, mas tentar, do que ficar parada. O importante é se movimentar. Estamos nesta vida para experimentar, para encontrar o nosso lugar. Parado, ninguém vai encontrar.”