Sônia Guajajara – Foto: Alice Aedy e Eric Terena

Uma das mais respeitadas lideranças femininas do País, a maranhense da terra originária de Arariboia, Sônia Guajajara conseguiu uma façanha inédita: tornar-se a primeira deputada federal de ascendência indígena a ser eleita para o Congresso Nacional pelo estado de São Paulo. Ao todo, ela recebeu 156.695 votos e, a partir de 2023, vai engrossar o coro da “bancada do cocar”.

SIGA A BAZAAR NO INSTAGRAM

Mas para chegar a esse patamar – e de reconhecimento, inclusive internacional -, ela teve que trabalhar desde a infância e estudar muito. Mudou-se aos 15 anos para Minas Gerais e lá cursou o magistério, depois graduou-se em letras e em enfermagem, e fez pós-graduação em educação especial e mestrado em cultura e sociedade.

Com duas décadas dedicadas ao ativismo ambiental e aos direitos dos povos nativos, Sônia já havia feito o seu début na vida política quando concorreu à vice-presidência na chapa composta com Guilherme Boulos, em 2018. Premiada diversas vezes e considerada uma das cem personalidades mais influentes do mundo pela revista “Time”, desde 2009, ela dá protagonismo aos povos tradicionais no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

Na legislatura que se aproxima, ela garante que o foco seguirá sendo a proteção da Amazônia e da Mata Atlântica – com o fim das invasões dos madeireiros e dos garimpeiros ilegais, e a regularização do agronegócio em áreas florestais -, assim como o engajamento dos direitos das minorias, o respeito à diversidade e a reconstrução da democracia, que ela percebe fragilizada.

Guajajara também quer levar para a Câmara as narrativas das pessoas historicamente oprimidas – “indígenas, quilombolas, caiçaras e negros terão voz”.

Declaradamente oposição ao atual governo, Sônia tem motivos de sobra para justificar a sua postura. “Jair Bolsonaro nos escolheu como inimigos em sua campanha presidencial, em 2018. À época, ele disse que não haveria a demarcação de um único centímetro de terra indígena durante o seu mandato – o que, de fato, ele cumpriu. Quando ainda era deputado, chegou a exaltar que ‘boa mesmo era a cavalaria dos Estados Unidos, que havia conseguido extinguir quase a totalidade dos povos originários e os norte-americanos não tinham mais que conviver com esse problema’. Por fim, ele ainda afirmou que indígenas residentes em territórios protegidos eram a mesma coisa que animais enjaulados em zoológicos. Ele é uma ameaça não apenas ao Brasil, mas ao mundo todo.”