
Novembro é mês de celebração. E não falo só do aniversário de 9 anos da Bazaar Brasil! É mês de rever conquistas, já que aquele gostinho de fim de ano começa a bater na nossa porta. Momento oportuno para ressaltar nossas lutas e aprendizados.
E, em 2020, esse tour-de-force, individual ou coletivo, ganhou ares atípicos: com as mudanças drásticas pelas quais o mundo tem passado, certos valores começaram a ser retomados, hábitos e costumes, questionados.

Por Patricia Carta
Um deles ganhou evidência, muito graças ao ativismo negro que marcou o ano – o resgate da ancestralidade. Ele está em cada página desta nossa edição especial. Está nos cabelos cacheados da cantora e atriz Clara Buarque, que simplesmente parou de alisar os fios. Assim como muitos de nossos personagens retratados aqui, a filha de Carlinhos Brown e neta de Chico e Marieta Severo vive um momento de reconexão com suas raízes.
Ancestralidade está presente também no trabalho da multiartista Thereza Morena, que está montando uma guest house no norte de Minas e lá reencontra suas origens familiares.

Está na beleza preta disseminada em penteados, makes e cosméticos com história – uma das marcas de beauty afro nasceu no Complexo do Alemão, comunidade do Rio de Janeiro. No trabalho da estilista Angela Brito, em que o afrofuturismo tem papel importante na desmistificação e na divulgação da cultura preta. Angela é partidária da moda como discurso político, embora siga respeitando a tradição.
A presença preta ainda está nos castings democráticos propostos pela Célula Preta nos desfiles da Casa de Criadores. Nas joias hit das irmãs nova-iorquinas Dynasty e Soull, com peças cheias de simbolismo ancestral sob a bênção de Ogum!

Alléxia de Jesus (Prime MGT e Women Paris) usa look total Chloé – Foto: Stéphanie Volpato, styling de Sarah Cazeneuve, edição executiva de Filipa Bleck, cabelo de Rimi Ura (Walter Schupfer Management) e maquiagem de Tiziana Raimondo (The Wall Group)
A ancestralidade indígena também é abordada, aqui, nas peças da Tucum Brasil, marketplace da nossa personagem de Escape, Amanda Santana, que conecta artesãos indígenas ao mundo. Buscar uma identidade permeia outra história, a da ex-sem pátria Maha Mano, que passou 30 anos de sua vida sem ter carteira de identidade e ganhou a cidadania no Brasil.
Para dar ainda mais peso ao nosso recheio, três capas lindas e cheias de propósito. Em uma delas, Gloria Maria celebra sua cura de forma mais caseira com as filhas. Na outra, Ludmilla, cantora que explodiu no funk, reforça sua identidade cada vez mais forte e definida. Lud foi a primeira artista negra da América Latina a ter 1 bilhão de streams no Spotify. Neste mês, lança o single “Rainha da Favela”.
Por fim, a new face baiana Alléxia de Jesus estampa nossa terceira capa. Essa edição, costurada por variadas conquistas, tem a intenção de espalhar positividade e brindar a vida. A nosso ver, uma das melhores armas para enfrentar tempos adversos. Axé para você!