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Por Paula Jacob

Apesar dos deslizes de roteiro da nova temporada de “And Just Like That…” que tomaram conta das redes sociais na última semana, uma coisa permanece intacta desde “Sex and the City”: o cuidado com o figurino das personagens. Patricia Field, conhecida por criar a personalidade de Carrie, Miranda, Samantha e Charlotte na série original, não é mais a responsável pelo guarda-roupa neste spin-of, mas Molly Rogers e Danny Santiago abraçaram o projeto com a mesma paixão e atenção aos detalhes – quem lembra da polêmica bolsa-pombo de JW Anderson que fez uma aparição na segunda temporada?

Nos novos episódios, peças statement preenchem os olhos desde o episódio um, com vestido e casaco da coleção primavera-verão 2024 da Simone Rocha usado por Sarah Jessica Parker. A escolha resgata imediatamente a atmosfera mais divertida da maior fashionista da TV. “Sempre queremos algo impactante para a primeira cena do episódio de estreia, algo que mostre em que momento de vida a Carrie está”, conta Molly em entrevista à BAZAAR. Brasil.

“E, para nós, não importa tanto o nome da marca. Amamos as grandes maisons e as marcas independentes. O importante é o que aquilo diz sobre a personagem e a sua história.”

No caso da protagonista, a silhueta teve uma mudança em relação às temporadas anteriores. “Ela está escrevendo um romance, e isso influencia bastante. Aparecem botas de cano médio, bolsas transversais com aspecto vintage… Há uma pegada mais vitoriana, que vai se infiltrando no visual dela”, comenta Danny. Tudo, claro, sem perder de vista a essência de cada uma. “Nosso processo é bem colaborativo com os atores, sempre chegam animados para os fittings – e nós também”, conta Molly. Ao que Danny complementa: “Eles adoram mandar fotos de marcas ou produtos que descobrem nas redes sociais, ficam curiosos para ver a nossa seleção. É um processo divertido”.

Inclusive, a pesquisa para criar o mood de cada temporada é um misto de trends digitais, imersão em desfiles de semanas de moda mundo afora, compras em lojas second hand especializadas em luxo, bom faro para novas marcas e coleções que ainda não estão no radar das pessoas. “Estamos constantemente buscando essas novidades porque faz parte do universo delas”, explica Danny.

O acervo, vocês devem imaginar, é imenso – tão grande que nem os figurinistas sabem o número exato de peças. “Só a Carrie pode ter até 10 trocas de roupa por episódio, imagina!”, brinca Molly. Não à toa, desde “Sex and the City”, Sarah Jessica Parker mantém um acervo com milhares de itens que sua icônica personagem usou – ela conta sobre essa negociação que está prevista em contrato no Call Her Daddy .

E se você se pergunta como os figurinistas fazem para transformar um roteiro, sem detalhamento das vestimentas, em looks inesquecíveis, Molly explica: “Lemos a cena e mergulhamos no clima que ela traz. Por exemplo: se Carrie está escrevendo um cartão com o sol entrando pela janela, já começamos a pensar em algo leve, bonito. Aí ela se levanta, atravessa o closet, pega uma bolsa ou um casaco… e depois desce as escadas para sair pelas ruas de Nova York. Isso nos dá o momento ideal para uma peça que se mova bem, que seja fluida e transparente, com um sapato especial. O roteiro dá muitas pistas – é só saber ler [com essa intenção]”.