Foto: Catarino

Depoimento a André Aloi

Única plus size do desfile de Carolina Herrera, realizado no Rio de Janeiro no mês passado, Rita Carreira compartilha a rotina além das passarelas, com campanhas e criação de conteúdos focados em moda e beleza. Veja abaixo:

Coloco o celular para despertar às 5H30. Tomo água, como uma fruta e tenho 30 minutinhos para ficar pronta porque meu personal trainer chega à academia do prédio onde moro, em São Bernardo do Campo (na região metropolitana de São Paulo), às 6H.

Faço musculação todos os dias, só aos finais de semana que deixo para malhar mais tarde, quando meu marido (o modelo senegalês Mohamed Deme) sai para correr e o acompanho de bike. Independentemente da rotina, o primeiro compromisso do dia tem que ser comigo.

8H30

Desço com o Otávio, meu basset com golden, para passear e volto para casa e preparo o café. Sou apaixonada por mesa posta. Quem me acompanha no Instagram, sabe da dedicação. Escolho o guardanapo, o jogo americano e as xícaras. Eu e o Habib (apelido de Deme) ficamos naquela conversa sobre a vida, reflexões e tudo. À disposição, mamão com aveia e granola, banana ou uva e suco, geral-mente de laranja. Estou adorando comer avocado com ovos mexidos e um pão integral ou francês. Também adoro leite, queijo, croissant ou pão doce e rosquinha de coco. Tudo na vida é um equilíbrio (risos). Não gosto dessa pressão de que preciso parar de comer alguma coisa se estou com exercícios e exames atualizados. Não quero me privar de comer se tiver com vontade. Enquanto ele vai para a academia, fico na mesa até umas 11H, resolvendo coisas, respondendo e-mail ou trocando mensagens nos grupos de WhatsApp dos times que cuidam da minha agenda e entregas. Então, vou tomar banho, fazer uma máscara no cabelo e já aproveito para emendar a rotina de skincare. Como sou modelo e estou sempre de maquiagem, é importante que a pele acompanhe esse ritmo. Tenho uma dermato que me ajuda com os lasers, além do cuidado diário. Esqueci: antes de treinar, passo vitamina C no rosto porque você vai transpirando e, como ela é antioxidante, vai agindo na pele. A manhã deixo ainda para organizar coisas da casa ou resolver alguma pendência burocrática.

Termino por volta de 12H30, hora de almoçar. Odeio cozinhar, mas minha tia prepara as refeições para a gente. Até sei que, se arriscar, vai sair alguma coisa.

14H

Marco com fotógrafo ou videomaker quando estou mais tranquila. Como, geralmente, são meus amigos, aproveitamos para colocar o papo em dia enquanto me maquio. Minha mãe também vem para cá, ficamos rindo e trabalhando. Segunda, terça e quarta são os dias em que mais gravo. Quinta e sexta acabam sendo uma bagunça. Cada dia tem algo diferente. Em shootings, a rotina muda, mas sempre peço para chegar mais tarde para cumprir a agenda da manhã. Se não dá, a dinâmica é outra.

15H30

Uma das conquistas mais recentes da minha carreira foi o desfile da Carolina Herrera, no Rio de Janeiro, no mês passado. Foi um mix de sentimentos porque muita gente queria me ver desfilar, mas a chuva impossibilitou de ter plateia. Foi muito especial porque CH é uma marca que está comigo desde 2020 e, a cada trabalho, crio mais afeto por eles e por toda a equipe. Passa um filme na cabeça: olha o que está acontecendo, onde cheguei e ainda bem que não desisti de mim. Fui muito ou-sada em fazer aquilo que nin-guém fez, porque hoje é muito mais fácil você meter as caras.

17H

Pausa para o lanche da tarde: adoro banana amassada com farinha de milho. Uma outra tia, que morreu aos 93 anos, passou a receita para todo mundo da família. Este semestre estou focada em estudar inglês, que seja presencial porque para mim não funciona online, e focar nos desfiles internacionais. Irei para a Semana de Moda de Paris, em setembro. Quero ter a oportunidade de desfilar, não tem nada certo, mas já estou com a mala pronta para cobrir. Meu maior sonho é apresentar um podcast, formato que consumo bastante. Participei, recentemente, do Me Sinto Pronta!, da Luiza Brasil, a Mequetrefismos, e adoro o Quem Pode, Pod – apresentado por Gio Ewbank e Fê Paes Leme. Ser atriz nunca passou pela minha cabeça, mas apresentar algo na TV seria super legal. Tenho um mural dos sonhos, com lista de coi-sas que gostaria de fazer ao longo do ano. No que passou, coloquei 23 metas e faltaram apenas quatro para cumprir. Entre elas, estão a carreira internacional – estou buscando uma agência fora do Brasil. Quem sabe para 2024?

20H

Mohamed gosta muito de ver filmes de terror, que não gosto tanto. Às vezes, assisto outra coisa com ele ou vou para o quarto ver novelas antigas, no Globoplay – terminei de assistir, pela terceira vez, Verdades Secretas. A gente não tem o hábito de jantar aqui – pede delivery ou sai para comer. Ele adora ir ao shopping, gosta mais de ver roupa do que eu (gargalha). Ama hambúrguer, mas não acompanho toda vez porque ele tem um metabo-lismo acelerado e fico: ah, não vou fazer algo só para mim (risos). Mas, em casa, a gente fica na cozinha e o Otávio à nossa volta, brincando e correndo. Vou me recolhendo por volta das 22H.

Antes de dormir, faço meu skincare noturno, com outros produtos. Minha terapia é visitar meu pai de santo. Estou vivendo um momento de descoberta da espiritualidade, ainda não sigo o Candomblé. Desde que visitei o Senegal (país natal do marido), há um ano, voltei querendo entender a ancestralidade. Quando fiz meu mapa astral, soube que precisava cuidar dessa parte. Descobri que tenho uma missão espiritual na terra, estou deixando as coisas fluírem naturalmente para ver onde encontrar esse legado.