
Silvia Braz, 40 anos, é casada, mãe de três meninas (três Marias) e uma das influencers mais importantes do País. Não à toa, é uma das capas da nossa September issue. O poder de Silvia vai além dos clientes de moda e de beleza – representa de empreendimentos imobiliários e grupos hoteleiros, a shoppings e outros segmentos.
Formada em Direito, chegou a estagiar na Promotoria Pública, mas nunca exerceu de fato a profissão. A mudança de carreira se deu naturalmente, sem maiores programações. Ao casar-se, ficou cinco anos só no papel de mãe. Depois desse período, e lá se vão dez anos, começou com o blogspot, aparentemente sem grandes ambições.

Escrevia sobre as viagens que fazia, moda, seu lifestyle em geral. Dos 733 mil seguidores que tem hoje no Instagram, muitos acompanham a sua trajetória desde o começo. Silvia falou à Bazaar via Zoom, do Copa, durante a reabertura do icônico hotel carioca, do qual é embaixadora.
Aproveitou a ocasião para estar com toda a família, que é de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, onde nasceu. Na verdade, ficou triste e até chorou, porque sua mãe não pôde estar lá devido a problemas de saúde do marido.

Como boa ariana, Silvia é espontânea, impulsiva e batalhadora. Atribui muito de seu lado guerreiro à morte prematura do pai, quando tinha 10 anos. Bem próxima e amiga das duas irmãs mais velhas, conta que aprendeu o que é sororidade desde então, assim como a se virar.
A influencer, que se divide entre o apartamento onde mora, em São Paulo, e sua casa-refúgio, no interior de Minas, valoriza cada minuto que passa com a família e os amigos. Aprecia laços em geral. Silvia tem uma equipe de vinte pessoas para dar conta do trabalho intenso.

Ultimamente, sua rotina mudou muito, já que, antes da pandemia, viajava profissionalmente, pelo menos nove vezes ao ano, só para o exterior. Sua presença era fundamental e há tempos Silvia tinha extrapolado o mundo virtual. Agora, viaja para onde é possível. “Tenho adorado ficar no Brasil, tem sido muito criativo e profundo. Fiquei em casa quatro meses. O primeiro, considerei férias. Aproveitei para dormir bem, porque o excesso de viagens e a troca de fuso horário constante não ajudavam.”
Também teve o prazer de almoçar e jantar regularmente com as filhas e o marido durante o tempo em que estiveram todos juntos na casa em Minas.

Quando bateu a inquietude, começou a fazer lives com convidados de peso, que a mantiveram ativa. No início da pandemia, Silvia achou que postar looks não fazia sentido, mas percebeu a responsabilidade com esse mercado, que estava sendo duramente impactado, e passou a se arrumar para trabalhar de casa: 60% dos seus seguidores são de moda.

Tem desejo, inclusive, de fazer uma coleção em parceria com uma marca popular, a preços acessíveis, para incluir mais pessoas. A collab recém-lançada com a Iorane deixa muita gente de fora. Silvia adora a moda mineira, acha feminina e com características próprias muito especiais. “Mais da metade dos meus clientes é de Minas”, diz.

Essa é sua terceira colaboração. A primeira foi com Carol Bassi, há bastante tempo; a segunda, com a Lool, de bijoux. “Tenho uma comunicação muito direta com as marcas. Tenho radar sobre o que está acontecendo, chego até a direção criativa.”

De fato, informação é o que não falta a essa insider da moda, que não deixa de ir aos desfiles internacionais, já cruzou o red carpet do festival de Cannes e também esteve no de Veneza. Silvia, que será embaixadora da próxima edição da BrazilFoundation, ressalta que não quer se acostumar a conquistas, nem perder o entusiasmo.

Essa empreendedora e grande comunicadora se preocupa com responsabilidade social. Está sempre envolvida em causas. Nos últimos oito meses, em bazares que fez para ajudar instituições de caridade, arrecadou nada menos do que meio milhão de reais com a venda de peças suas e de marcas parceiras. Parte do dinheiro foi destinada a um hospital e a um asilo.

Gosta de descobrir coisas novas, criar modismos, prestigiar marcas pequenas e ajudá-las a crescer, vestir peças de pequenos produtores, entender e conhecer o processo de produção. “Digo não a ofertas que não tenham valores para mim e para a sociedade.” Consciente, ela teve coragem de mudar o curso da sua vida e encoraja mulheres a fazerem o mesmo, a empreender. “Me vejo como uma mulher autêntica e com resiliência para chegar até aqui. Passo essa força.”

Essa mulher-plataforma tem tik tok e acha válido se comunicar por meio da diversão. Mas sabe que seu principal canal é o Instagram. É consultada por ele e testou o reels durante um mês, antes de ser lançado. “Posso ser multiplataforma, mas prefiro fazer uma bem feita, apesar de estar sempre de olho, buscando o novo.”

E vem coisa nova por aí! Silvia recebeu um convite para ter um programa em uma TV aberta. “São públicos diferentes, o que faço no digital é muito forte, seria mais um braço”, conclui. Por enquanto, fora da telinha, Silvia é uma explosão de sentimentos. Impulsiva, sem filtro, até para mostrar carinho, se julga intensa demais. É escrachada, gosta de andar descalça e de falar palavrão. Privilegia a saúde mental, faz exercícios físicos diariamente, bons também para deixá-la concentrada, pilates para fortalecer a lombar. É exagerada. Divertida, talvez até sem perceber. Recomenda que as mulheres cuidem do pescoço e do colo e não só do rosto, caso se preocupem em amadurecer bem.

Seu segredo de beleza é muita vitamina C da Biossance, além de estar sempre atenta a todos os lançamentos. No momento, está fazendo jejum intermitente, por isso, ao acordar, só café. Três xícaras! O que cai muito bem para quem também vai ser embaixadora de uma marca de café do norte de Minas.

E o motivo de fechar a boca? Como Silvia disse, cada um passou esse período como pôde. No caso dela, o aconchego do lar lhe rendeu cinco quilos e meio a mais. Parece que o principal responsável por isso foi um certo bolo de fubá com cobertura de leite condensado. “Cheguei a fazer uns quinze”, confessa, sem arrependimento.

Com tanta vitalidade e franqueza, e, obviamente, não me refiro ao fato de ter entregue o quitute caseiro, fica fácil concluir que para ter esse poder todo, e não só virtual, é preciso ser assim: uma mulher real. Virei fã!