por Michael Koellreutter
Triiiiiiiiiiiiin!
“Alô! Conta logo, estou curiosíssimo…”
“Abati a lebre!”
“E o piloto de avião?”
“Estava no ar…”
Os interlocutores ao telefone eram o fotógrafo Paulo Sabugosa e seu confidente, Antenor Mayrink Veiga, que, nos anos 1980, notabilizou-se como o maior pegador da noite carioca. Filho de Carmen e Tony Mayrink Veiga, rico, bem-nascido, educado e viajado, fornicava com as mais desejadas mulheres (casadas ou não) de A a Z. A personagem em questão era o seu almejado (e difícil) alvo de desejo: a aliciante Luma de Oliveira, reconhecidamente o corpo mais escultural do País. Foram meses de insistentes telefonemas, sem que Luma cedesse. A inacessível garota de Niterói era fiel ao noivo, José Carlos, um piloto de avião. Naquela noite, o noivo estaria “voando” e dormiria em outra cidade. Luma teria aceito o convite para jantar, acabando por ceder às investidas do Casanova carioca.
A língua quilométrica de Sabugosa tornou a história notória no Rio, a ponto de ser recebida pelos concorrentes de Antenor numa reação de admiração e indignação. Afinal… quem não ardia por Luma? José Pessoa de Queiroz, Luís Felippe Índio da Costa e Julio Lopes, os bachelors rivais, receberam a notícia certa noite no club Hippopotamus, à mesa da directrice Lucia Sweet, que logo inventou uma superfesta em homenagem aos quatro garanhões: os convidados deveriam estar em tenue de ville, enquanto as convidadas, vestidas de noiva. Claro que o potin correu solto, e Luma, apavorada por chegar aos ouvidos do piloto, ligou para Antenor perguntando por que fora espalhar episódio tão íntimo. Ao que ouviu como resposta aquela célebre frase inventada por Ricardo Amaral: “Se não é para contar para ninguém, prefiro não transar com você. Porque o gostoso mesmo é contar para os amigos. O resto é bobagem…”
Aproveitando o boom, Zózimo, o papa do colunismo, batizou-a de “Luma, a bem fornida!”. O suficiente para que Amaury Veras, o designer da dupla Frankie & Amaury, assinasse uma criação em homenagem a Luma. O modelito fetichista, coladíssimo no corpo, valorizava curvas e peitos (naturais, fique entendido!), deixando claro, com suas argolas e faixas de couro laterais, que só podia ser usado… sem calcinha! Uma das primeiras a comprar foi a tímida e submissa filha de conhecido banqueiro logo após o casamento. Ao ver o vestido, o austero marido foi taxativo: “Que roupa é essa??? Você não vai sair desse jeito. Vai vestir em casa, só pra mim!” Ganhou o marido, assim, sua própria Luma…
A modelo logo ganharia o posto de musa após Carlos Costa, um ex-seminarista, muito curiosamente, tornar-se editor e olheiro de Playboy. E claro que a convidou para posar nua integrando o time de estrelas formado por Christiane Torloni, Maitê Proença e até a atriz Ísis de Oliveira, esta irmã de Luma. Convite feito… convite aceito! A nova deusa sexual explodiu nas bancas e logo representou o Brasil no concurso internacional da publicação no Japão que a elegeu a Playmate mais bela do ano. Adiante, meteoricamente, trabalhos no próprio Japão, Europa e Brasil.
Meses passaram e o piloto foi de uma vez por todas… para o ar! O romance pôde ser assumido, e logo Luma e Antenor começaram a ser vistos juntos nos mais concorridos salões do Rio. Simultaneamente, despontava um novo casal também presença assídua nas colunas mundanas: Eike Batista e Patrícia Leal, uma cintilante patricinha do young people. E qual não foi a surpresa quando a atenta plateia dessa opereta começou a ver, nos mesmos restaurantes, os casais trocados! Antenor começara a namorar Patrícia, com quem subiu ao altar. E Eike a cortejar Luma, com quem também se casou. Coisas da mondanité. Afinal, se trocar bem, que mal tem?
Bilionário e discretíssimo, Eike deu a Luma uma vida de rainha. E, civilizadíssimo, nunca exigiu dela qualquer mudança, podendo continuar sua carreira de bombshell. Luma logo causaria nas escolas de samba, provocando várias polêmicas. Na Tradição, desfilou com uma coleira escrito “Eike” sugerindo-se submissa. Na Viradouro, encarnou a personagem Luxúria. Veio novo convite de Playboy, 20 anos após a primeira aparição, o que (ora se não…) prontamente aceitou, incendiando outra vez as bancas com sua beleza provocante. E uma nova polêmica: em plena era do brazilian wax, Luma se mostrava com a virilha riquíssima em pelos. Quanto relevo! Pra que tanta protuberância, meu Deus?
Patrícia separou-se de Antenor. E Luma de Eike, num polêmico episódio: a imprensa alardeou que o estopim fora o bombeiro Albucacys, 1,80 m, atlético e de olhos azuis.
Aliás, Luma colecionou, prazerosamente, um leque de love affairs bem eclético, além da cena social. Por ela passaram o jogador Renato Gaúcho, o policial Fernando Moraes, o marinheiro Fernando Melgaço… Uma mulher realizada nos seus desejos. Segundo o sábio Antonio Carloss, o mais célebre e concorrido cabeleireiro de São Paulo nos anos 1980, uma mulher completa deve ter três tipos de homem: le chic, le cheque e le choque! Le chic: “o belo elegante com quem é fotografada nas festas”. Le cheque: “o que paga as contas”. E, por fim, o muito necessário le choc: “o homem que tem pegada forte! O bofe de formação rude, mas que, na hora H, surpreende a mulher: vira pelo avesso, joga na parede e a chama de lagartixa…”
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