Foto: Reprodução/Instragam/@mira.estudio

A joalheria brasileira é conhecida pela sua criatividade, referências naturais e pluralidade. Do uso de pedras nacionais às técnicas artesanais que atravessam gerações — passando também por referências a artistas e expressões culturais do país.

Nos últimos anos, uma nova geração de designers vem redesenhando esse mapa com propostas autorais, identitárias e, muitas vezes, experimentais. São marcas que exploram formas orgânicas, resgatam saberes e histórias, e incorporam narrativas inovadoras às suas peças.

Esses são alguns (novos) nomes da joalheria nacional que você precisa ter no radar.

ARQVO

Foto: Reprodução/Instagram/@arqvo_

Com um olhar curioso que remete às joias antigas, a Arqvo_ nasce inspirada nos antigos gabinetes de curiosidades — espaços onde se preservavam fragmentos de fauna, flora e achados exóticos descobertos em grandes expedições, organizados como verdadeiros arquivos do mundo natural.

“A Arqvo já tem mais de seis anos, e sinto que venho amadurecendo junto com a marca. Nesse tempo, fui incorporando novas técnicas, explorando diferentes materiais e, sobretudo, aprimorando a qualidade e a exclusividade de cada criação. Mais recentemente, passei a me dedicar ao universo da joalheria sob encomenda, com peças únicas, pensadas e criadas especialmente para cada cliente. Esse processo tem sido muito gratificante, pois traduz muito o espírito da Arqvo: o de valorizar pequenos tesouros pessoais, ressignificando memórias e contando novas histórias. Percebo que esse novo caminho vem me trazendo frutos lindos e me faz ter cada vez mais vontade de seguir Quero que mais pessoas conheçam esse trabalho feito com intenção e tempo” conta para a BAZAAR a proprietária e designer Camila Alves. 

A marca busca na natureza suas formas e narrativas, respeitando a singularidade de cada elemento. Suas joias são sofisticadas e, ao mesmo tempo, lúdicas, parecendo tesouros encontrados. Traduz referências da biologia, do universo vintage e artístico, além do cotidiano carregado de memória afetiva, resultando em peças com alma, criadas para contar histórias.

PRI PASQUARELLI

Foto: Reprodução/Instagram/@guajoalheria

Após anos a frente da direção da sua marca Guá Joalheria, a designer Pri Pasquerelli abre espaço para um novo ciclo, após uma trajetória marcada por identidade, estética e um profundo amor à arte brasileira,  seu novo ciclo se inicia  para dar espaço a um novo começo — mais íntimo, mais poético, mais visceral. À frente dessa transição a designer, fundadora e diretora criativa, que agora assina com seu próprio nome uma nova etapa dedicada exclusivamente à criação de Joias Personalizadas. Peças que nascem do encontro entre desejo, significado e arte.

Cada peça é única — criada sob medida em um processo inteiramente artesanal, que une precisão técnica, estética autoral e profundo respeito pela origem dos materiais.

A nova marca homônima de Pri Pasquarelli estreia em breve com um olhar contemporâneo sobre a alta joalheria, com foco especial em casamentos, rituais de passagem e presentes carregados de simbolismo. “Sempre acreditei em contar histórias através de objetos e amuletos que se materializam na forma de joias. Durante o processo, a personalidade de cada cliente é revelada em peças que falam por si — sem precisar dizer uma palavra. Nesta nova fase, estou ainda mais próxima de quem confia no meu olhar. A troca é rica, sensível, e ver a emoção ao receber uma joia personalizada é, para mim, a maior realização” diz a designer sobre esse novo momento.

Foto: Reprodução/Instragam/@mira.estudio

MIRÁ

A MIRA! é uma marca de joias fundada pela designer curitibana Nicole Ramos, com um conceito que se reflete no nome da marca, que significa “olhar” tanto em português quanto em espanhol. Inspirada pela herança cultural latino-brasileira, a marca se aprofundou na obras de artistas brasileiros como Tarsila do Amaral e no manifesto antropofágico de Oswald de Andrade, os quais inspiraram as primeiras criações da marca e recentemente explorou o Folclore brasileiro. “Criei a MIRA! com o desejo de materializar meus sonhos e desenhos, de expandir as limitações da realidade e dar vida à essa que, até então, só existia na minha cabeça” – explica designer e criadora Nicole Ramos.

OLIVVE

Foto: Reprodução/Instagram/@olivve___

A Olivve traz delicadeza, minimalismo e sensibilidade para quem valoriza a joalheria sutil e atemporal. Com traços limpos e formas básicas, suas peças refletem um design minimalista pensado para o uso diário — versátil, leve e feito para durar.

Seguindo os princípios do slow fashion, cada joia é produzida em pequenas séries, com prata, ouro e gemas brasileiras, sempre de forma 100% artesanal. As imperfeições naturais do trabalho manual são abraçadas como parte da beleza de cada criação. “Acredito em um design atemporal, que combina traços limpos a formas básicas e delicadas. São peças minimalistas, que unem elegância e versatilidade, feitas para serem usadas sempre.”- ressalta Flávia Espíndola de Oliveira para a BAZAAR. 

A Olivve também valoriza a sustentabilidade em todos os processos: os resíduos são totalmente reaproveitados e transformados em novas peças, reforçando o compromisso com um ciclo consciente e durável. Mais que adornos, as joias da Olivee são pequenas permanências — criadas para atravessar o tempo.

NART

 

O designer Pedro Nart iniciou sua trajetória criando joias para uso pessoal. O impacto de suas primeiras peças logo ultrapassou o círculo íntimo: amigos, stylists e veículos de moda passaram a se interessar por suas criações. Foi nesse contexto que surgiu sua primeira coleção autoral, Garras — inspirada nos aracnídeos e nos dentes cuticulares, combinando força, delicadeza e formas esculturais.

A partir dessa repercussão, nasceu sua marca homônima, a NART, fundada de forma independente, com produção caseira e recursos limitados, mas com um propósito claro: criar uma nova linguagem na joalheria contemporânea.

Suas peças propõem uma estética fluida e inclusiva, que rompe com as barreiras tradicionais de gênero e idade. São acessórios híbridos — intensos e sutis — pensados tanto para o uso cotidiano quanto para realçar a individualidade de quem os veste.

“Eu nunca planejei ter uma marca — ela foi acontecendo. Comecei criando objetos e joias pra mim e as pessoas gostavam, então eu vendia pra quem me procurava, aos poucos, foi se transformando na Nart Studio. Não teve planejamento estratégico, nem grandes projeções: fui resolvendo o que precisava enquanto tudo já acontecia. Por isso, acho que a marca é tão orgânica. Ela é uma extensão da minha vida.

Criar, pra mim, não exige esforço — é algo que acontece. Como se fosse inevitável. Não gosto de seguir tendências, não faço moodboard. As ideias surgem a partir das minhas vivências, das viagens, das conversas, dos silêncios. A criação é uma resposta natural ao que eu absorvo do mundo. Acredito que a obra é sempre um reflexo da vida — e, no caso da minha marca, é um reflexo de mim.

As peças têm esse caráter mais íntimo, quase exclusivo. Não produzo em grande escala. Tudo nasce de forma viva, dentro do tempo e da realidade que consigo sustentar” compartilha Pedro Nart.