Fotos: Getty Images

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Por Luigi Torre

A atmosfera, o make e até algumas formas lembram o passado, mas o resultado final é 100% no presente. Abrindo a temporada de inverno 2014 de alta-costura, em Paris, a Atelier Versace acaba de se juntar ao time de marcas de altíssimo luxo que começam a pensar em como tornar a couture mais relevante e mais presente no dia a dia de suas seletas consumidoras. E a resposta, segundo Donatella Versace, é menos red carpet e mais roupa de tralho, menos longos exuberantes e mais alfaiataria impecável.

Os terninhos de mangas arredondadas, com fendas profundas, recortes e fivelas metálicas que abrem o desfile, falam desta vontade por roupas mais conectadas à realidade da consumidora. Ao mesmo tempo, ao serem desconstruídos, deixando aparente as estruturas responsáveis por suas formas precisas, revelam a máxima qualidade de construção que os classificam como alta-costura – além de fazerem jus ao legado sexy da marca.

Combinar noite e dia é outra proposta desta coleção. E uma das mais marcantes. Principalmente quando vestidos longos, com maxidrapeados de cetim duchesse dublado com silicone, se sobrepõem a calças de alfaiataria. Alguns modelos, aliás, são peças únicas, e não sobreposições. A inovação e pesquisa têxtil, característica marcante da Atelier Versace, aqui também ficam mais evidentes, como os bordados de vinil, as franjas e o patchwork de pele, organza e tela com cristais.

A Versace segue como uma das marcas mais requisitadas pelas celebridades. O que explica boa parte do seu sucesso e o recente convite feito à Jennifer Lopez (estrela da primeira fila neste desfile) para ser a nova garota propaganda (substituindo Lady Gaga). Mas com a venda de 20% das ações da marca para o Blackstone Group, há a necessidade de expandir o leque de ofertas para além dos palcos, tapetes vermelhos e eventos de gala, atraindo aquelas consumidoras que querem o luxo e a exclusividade da alta-costura mais presentes em suas vidas.