Por Sarah Kern
Lá se foi um ano desde que Jason Wu subverteu a imagem girlie dos tons pastel, ao apresentar, em sua passarela de inverno 2014, um terninho azul-bebê. A cor era delicada, mas, imagem e look, dos mais fortes de sua coleção. Ao longo de toda aquela estação, as cores pastel surgiram um pouco fora de contexto. Falavam de feminilidade, mas também de poder e segurança – não muito diferente dos discursos de Beyoncé ou Emma Watson: o de que as mulheres podem, sim, ganhar seu espaço sendo absolutamente femininas. De lá pra cá, a tendência se provou duradoura e, chegado o atual verão 2015 internacional, rosas claros e lilás cravaram seu lugar ao sol.
Desde que Elsa Schiaparelli lançou seu icônico rosa-choque, no fim dos anos 1930, a cor não ganhava tanta relevância. Ainda na temporada de inverno 2014, foram destaque nas paletas da Gucci e da Burberry, dominando, inclusive, as campanhas de ambas as marcas. Nas passarelas, apareciam em peças de linhas retas, pautadas por referências 60’s quase modernistas. Agora, porém, para o verão 2015, assumem ares mais etéreos e, por que não, românticos. Daí os tons ainda mais lavados, quase como um pó-de-arroz ou um lilás mais acinzentado.

Da esquerda para à direita looks dos desfiles de: Haider Ackermann, Lavin e Chanel, ambos verão 2015 – Foto: reprodução
São essas as tonalidades que protagonizam as coleções de Lanvin, Dior, Rochas e Rodarte e que dominaram também a mais recente temporada de alta-costura. Miuccia Prada traduziu o mood nem tanto em suas roupas, mas no cenário de sua Prada. Lá, o lavanda apareceu nas dunas de areia, que permearam a passarela, e em detalhes nas peças, sempre misturados a cores vibrantes, como amarelo, laranja e tons terrosos. Esta é, aliás, ótima dica de styling para uma versão moderna da tendência.
Até mesmo designers conhecidos por cartelas mais fechadas e escuras se renderam ao novo mind-set. Qual não foi a (boa) surpresa ao avistar smokings monocromáticos de seda, pálidos e fluidos, em Haider Ackermann, ou tecidos esvoaçantes, extremamente delicados, na coleção inspirada no Ballets Russes, de Rick Owens? Não tinha como ser diferente. Há anos estamos mediando nossa visão de mundo com filtros de tons esmaecidos (muitas vezes, rosados) – Crema, Amaro e Valencia, hits absolutos entre os adeptos do Instagram, estão aí para comprovar.
O tom também vem dominando a cultura pop, vide o mais recente filme de Wes Anderson, O Grande Hotel Budapeste, ou a capa do último álbum de St. Vincent. Até o mundo dos esportes se rendeu à tendência. Em sua coleção em parceria com a Nike, Pedro Lourenço combinou o rosa nude em quase todos os produtos. Ou seja, para esta estação, já sabe qual é a cor que não pode faltar no seu guarda-roupa, não?