Por Luigi Torre
O inverno 2016 é um encontro de duas vontades: o estilista Vitorino Campos estava olhando para as linhas retas do arquiteto Tadao Ando e a diretora de criação Beth Nabuco, para a natureza. O resultado, nas palavras dele, “é híbrido”. E com referências à Land Art, movimento que une o natural à arte. É por aí que formas fluidas e soltas sobre o corpo se combinam à outras estruturadas e construídas sobre ele.
O boudoir, que já começa a se mostrar uma forte proposta também nas coleções nacionais, aparece em vestidos-camisola sobre pesados casacos de lã, a alfaiataria geométrica se encurte e se ajusta às formas femininas, slipdresses de veludo de seda revelam o corpo naturalmente, com o caminhar, e a camisaria (assinatura de Vitorino na Animale), ganha volume e transparência, quase sempre contraposta ao couro com textura croco. E na cartela de cores, mix igualmente amplo — ao todo são nossos 20 tons — seguem a dualidade entre natural e urbano.
“Meu trabalho é trazer tudo para a realidade”, disse Vitorino Campos, horas antes do desfile. E, de fato, é o que se viu na passarela é a melhor constatação disso. E agora, com oferta ampliada, já que ninguém mais se pode dar ao luxo de viver de samba de uma nota só. Assim, é olhando não para uma, para várias mulheres. Movimento acompanhado globalmente e já consideravelmente bem-sucedido.