
Bottega Veneta, Pre-Fall 2024 (Foto: Divulgação)
Bang, bang, bang! Com três tiros disparados, Andy Warhol quase morreu em uma das calçadas sujas de Manhattan. Era 1968 e a tentativa de assassinato deixou marcas no artista para muito além da única bala que o acertou. Agora, seu estúdio (The Factory) tinha segurança dobrada e secretárias treinadas para expulsar visitantes indesejados. Laura Moltedo, italiana do Veneto, chegou em 1974 e era uma delas, antes de ser promovida para assistente pessoal do artista.
A dupla era simbiótica e, no fim da década, quando ela herdou do ex-marido a direção criativa da Bottega Veneta. Warhol, apaixonado por novidades, adotou os acessórios da marca como companheiros favoritos e até ajudou a eternizar, em 1985, o “verde Bottega” que, gerações mais tarde, seria uma das cores mais desejadas da moda nas mãos do estilista Daniel Lee.
Hoje, o tom “sumiu”, mas o espírito Warholiano segue firme e foi, na nova coleção da casa, assinada por Matthieu Blazy, o ponto de partida para a temporada. O que o artista – e sua geração de antenados – teria vestido se a Bottega Veneta já fizesse roupas nos loucos 60s e 70s? Vale lembrar, afinal, que o prêt-à-porter da casa só estrelou nas passarelas em 1995.
Com essa reflexão, o diretor criativo da casa apresenta sua própria interpretação nostálgico do passado de meio século atrás. Cores, texturas e tramas vibram juntas da moda de Blazy, menos cheias de grafismos, mas com tanto mais informação quanto na temporada passada. Das bolsas de bandana aos saltos excêntricos, são combinações doidas e charmosas (camurças, alfaiatarias e intrecciatos!) que teriam feito Warhol e sua turma “pirar de vez”… e que devem fazer o mesmo com os fashionistas de hoje!