Gucci

Por Tetê Laudares 

Se o século XX falasse, contaria tudo sobre a camisa polo, que viveu (e vive) ao máximo. Manga curta, malha piquê, três botões abaixo do colarinho… todo mundo sabe qual é, mas nem sempre foi assim. Esse item tendência, que hoje já está quase mais preppy do que sporty, tem sua origem na Índia, no calor de Manipur. Em meio à colonização britânica do século 19, os militares ingleses adotaram as túnicas de algodão locais para jogar (você adivinhou) polo, e a roupa logo viajou para a Europa. Para resumir a história, são esses os nomes visionários que catapultaram a camiseta ao status célebre: John E. Brooks, René Lacoste e Ralph Lauren. Dos três, provavelmente, você já ouviu falar. O primeiro, neto do fundador da icônica alfaiataria americana Brooks Brothers, conheceu o modelo durante uma viagem à Inglaterra ainda em 1896. De volta às Américas (e fascinado pelo uniforme dos jogadores de polo), lançou a OCBD, a Oxford Cotton Button-Down. Foi um sucesso – e já com muito marketing: na etiqueta, trazia o lema “The Original Polo Shirt”.

Quem mudou mesmo o jogo, porém, e fez nascer a queridinha que se conhece hoje, foi o tenista francês René Lacoste. Em busca de uma melhor performance na quadra, alterou tudo o que podia no seu uniforme. Tirou a gravata, encurtou as mangas e diminuiu o número de botões, também trocando o tecido por uma nova malha de jérsei de piquê. Foi revolucionário e, aproveitando seu próprio apelido entre amigos (Le Crocodile), lançou, em 1926, o novo modelo com um pequeno crocodilo bordado no lado esquerdo. Quando se aposentou das quadras em 1933, Lacoste passou a se dedicar inteiramente à sua marca, divulgando-a como camisas de uniforme para o tênis.

No universo do sportswear, foi o primeiro grande atleta a ter sua própria linha de roupas e um dos primeiros a colocar seu logo no lado de fora da peça. Já no anos 1950, a “camisa Lacoste” era um símbolo de elegância esportiva entre a juventude e o estilo ganhou ainda mais força em 1972, quando o designer americano Ralph Lauren o lançou em uma grande variedade de cores. O modelo, a polo de Ralph Lauren, trazia como emblema um jogador de polo a cavalo bordado, também bordado no lado esquerdo da camisa. Sucesso de vendas, a Polo Ralph Lauren virou linha de produtos e a camisa tornou-se um ícone da marca. Nos anos 1990, enquanto o estilo preppy (o velho novo old money) abarcou a moda, as camisas polo se tornaram parte do guarda-roupa urbano, reimaginadas como croppeds e vestidos, além de um item favorito de rappers e executivos de Wall Street. Diversa e democrática, segue firme nas passarelas ainda hoje, incluindo marcas queridas da geração Z, como a Gucci minimalista, de Sabato de Sarno, e a eternamente jovial Miu Miu de Miuccia Prada.