Chanel, desfile Métiers d’Art 2026, em Nova York (Foto: Divulgação/Chanel)

Imagine, só por um segundinho, que ao invés de chauffeurs e limusines, as cisnes de Truman Capote precisassem pegar o metrô para chegar até as colunas sociais. Ou que super-heroínas, como a Mulher Maravilha, salvassem o mundo via transporte público. Ou, ainda mais, que as felinas exóticas enclausuradas no zoológico do Central Park fugissem por uma noite e trocassem as jaulas pelos trilhos.

Matthieu Blazy, em seu segundo desfile para a Chanel (e seu primeiro Métiers d’Art), não precisou fantasiar nada disso. Foi lá e fez. Depois de “despretensiar” Paris, escolheu Nova York para desconstruir a maison – e até Dorothy Parker, a musa alcoolizada da Jazz Age de Manhattan, teria arregalado as olheiras para ver tudo. Aliás, era Alex Consani ou F. Scott Fitzgerald na passarela? Tanto faz…

Com os penteados laqueados, à la anos 1960, e saias “destroçadas” com estampas animais e arranha-céus de ponta cabeça, a nova coleção da casa tem um ritmo para poucos. Dondocas viram deboche, socialites “caem” na real e, entre tantas franjas e plumas, a caretice fica presa na catraca. Melindrosas democráticas, viu?

As cores vibram nos detalhes, os acessórios balançam e, vez ou outra, um susto de surrealismo (chapéus com olhos e orelhas!) faz a coisa toda acordar. Casaquinhos e vestidinhos de tweed seguem aqui (lá!) e o espírito Chanel não perde tempo em seguir viagem. Você piscou e o trem passou? Poxa… Nova York agora não é mesmo mais a mesma.