
Contraste e otimismo ainda tem espaço na moda… pelo menos, nas cores. Foto: Reprodução
Cores? Para o verão? Que original. Ainda assim, a temporada 2026 mostrou que a obviedade também pode surpreender. Se de um lado algumas marcas reforçaram a intensidade das cores em blocos vibrantes — resgatando a vivacidade como um gesto de energia — de outro, nomes importantes apostaram no preto como tom dominante, invertendo a lógica de leveza que se espera dos meses quentes.
Nesse embate cromático, o color block ainda resiste como epifania de impacto. Ele surge em combinações inesperadas e contrastantes, mostrando que o desejo por intensidade não desapareceu — apenas ganhou novas camadas. Mais do que blocos de cor, o que se vê é um movimento que envolve também estampas, ora gráficas, ora vibrantes, sustentando a estética do contraste.
Foi assim que a Versace trouxe azuis elétricos ao lado de verdes vibrantes, enquanto a Prada seguiu pela rota esportiva, juntando vermelhos e lilases em um mesmo look. Na Lanvin, o foco foi o diálogo entre padronagens gráficas e calças cítricas, reforçando a ideia de que a mistura não é só possível, mas necessária. Já Dries Van Noten propôs um jogo visual com listras largas em vermelho e verde, transformando o color block em linguagem arquitetônica. Até a Burberry, conhecida pela sobriedade britânica, incorporou a cartela quente e intensa em meio a casacos pesados e couro, como um statement que atravessa estações.
No fim, o color block deixa de ser ingenuamente alegre para assumir um papel mais consciente: não se trata de usar cor apenas como fuga, mas como afirmação estética, um contraponto direto ao domínio do preto. O contraste é a mensagem.