
Fotos: Cortesia da marca
Em um cenário de passarelas cada vez mais polidas e previsíveis, Rei Kawakubo mais uma vez fez o oposto do esperado. Na apresentação da Comme des Garçons para o verão 2026, a estilista japonesa partiu daquilo que muitos ignorariam: estopa, chita, juta, tela crua – e construiu verdadeiros monumentos de (im)perfeição.
A nota da designer, quase um haikai de provocação, “acredito na positividade e no valor que podem nascer da destruição das coisas perfeitas”, foi o ponto de partida para uma coleção que parecia se reconstruir a partir dos destroços.
Entre babados irregulares, bordas cruas e tecidos amontoados, surgiam peças que criavam paisagens humanas, enquanto estruturas de almofadas, travesseiros e lençóis acolchoados evocavam a vulnerabilidade do corpo e da casa.
Os looks vinham cobertos por perucas em forma de travesseiros, cones acolchoados e feixes translúcidos de tecido, compondo um desfile que parecia questionar onde termina a roupa e começa a ideia.
Em um momento em que a moda tenta se recompor entre crises, Kawakubo oferece um manifesto: da poeira nasce potência. A destruição, para ela, é só o primeiro ato da criação.