Madeira, jade e metais preciosos compõem a vasta coleção atípica de Marisa Biondo Paschoal. Tudo são achados de viagens inusitadas pelo mundo afora – Foto: Cassia Tabatini, com beleza por Rosa Carlos, direção de arte de Ingryd Gomes, retoque RZ Studio, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuba Hub, produtora responsável Claudia Nunes, assistentes de foto: Gianfranco Vacani e Victor Cohen

“Vem, entra! Todos são bem-vindos na minha casa. Menos os cafonas!”, gargalha Marisa Biondo Paschoal, assim que abre a porta de seu apartamento de três andares, em São Paulo. Com botas até o joelho, atravessa a sala, que é coberta por um papel de parede listrado, e ajeitando a gola alta do suéter marrom, encontra um lugar em um dos sofás coloridos. No pescoço, um colar trazido da Índia segura um pingente pesado que, originalmente, era a tampa de uma caixa de madeira comprada na Colômbia. Nos pulsos, um par de brincos de Adriana Degreas transformados em pulseiras.

Madeira, jade e metais preciosos compõem a vasta coleção atípica de Marisa Biondo Paschoal. Tudo são achados de viagens inusitadas pelo mundo afora – Foto: Cassia Tabatini, com beleza por Rosa Carlos, direção de arte de Ingryd Gomes, retoque RZ Studio, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuba Hub, produtora responsável Claudia Nunes, assistentes de foto: Gianfranco Vacani e Victor Cohen

“Você acha que eu estou anormal?”, pergunta, antes de responder a si mesma: “Acho que estou completamente dentro do contexto.” Sobre a saia (de couro verde envernizado), também tem considerações importantes, que faz com uma piscadela – “eu mostro minhas pernas porque sei que são bonitas. Já os braços, não mostro por nada. É bom senso, sabe? Quer um café?”.

Madeira, jade e metais preciosos compõem a vasta coleção atípica de Marisa Biondo Paschoal. Tudo são achados de viagens inusitadas pelo mundo afora – Foto: Cassia Tabatini, com beleza por Rosa Carlos, direção de arte de Ingryd Gomes, retoque RZ Studio, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuba Hub, produtora responsável Claudia Nunes, assistentes de foto: Gianfranco Vacani e Victor Cohen

Sem esperar demais a resposta, começa a arrumar a mesa com porcelanas Barratts e tira do caminho algumas conchas, sua grande paixão. Quando me diz que gosta “de tudo que é diferente”, finjo surpresa enquanto passeio os olhos pelo restante do cômodo. Em um canto, sobre um livro de Marcel Duchamp, um escorpião metálico comprado na Ilha do Ferro aponta as pinças para uma cadeira de zebra (tamanho real) rodeada de outras cadeirinhas minúsculas. Em outro, uma máscara de baile fica de olho em um retalho de tecido de cobre prateado com o qual a dona divide um relação de amor e ódio: “comprei em Marrocos e o acho lindo, mas não sei o que fazer com ele. Talvez uma saia… o problema é que fui enganada, me venderam como prata pura!”.

Madeira, jade e metais preciosos compõem a vasta coleção atípica de Marisa Biondo Paschoal. Tudo são achados de viagens inusitadas pelo mundo afora – Foto: Cassia Tabatini, com beleza por Rosa Carlos, direção de arte de Ingryd Gomes, retoque RZ Studio, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuba Hub, produtora responsável Claudia Nunes, assistentes de foto: Gianfranco Vacani e Victor Cohen

Segundo Marisa Biondo Paschoal, ela não é uma pessoa implicante – “só não suporto a normalidade”. Por isso, criou seu próprio universo (ou “matrix”, como chama), em que decide se, no mundo “lá fora”, faz frio, calor, sol ou chuva, e o humor dita todas as regras – sempre, maximalistas. Desde pequena, manda fazer as próprias roupas: “mas elas não são suficientes, por isso exagero nos acessórios. Minha filha (Gabriela Paschoal, cofundadora da Pinga) diz que eu preciso tirar, mas aí me sentiria nua”.

Madeira, jade e metais preciosos compõem a vasta coleção atípica de Marisa Biondo Paschoal. Tudo são achados de viagens inusitadas pelo mundo afora – Foto: Cassia Tabatini, com beleza por Rosa Carlos, direção de arte de Ingryd Gomes, retoque RZ Studio, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuba Hub, produtora responsável Claudia Nunes, assistentes de foto: Gianfranco Vacani e Victor Cohen

Não é sempre que as bijoux têm o efeito esperado de imediato. Com lado artístico apurado, Marisa customiza seus itens. Tampas de perfumes Marc Jacobs e Emilio Pucci já viraram pingentes, assim como botões chineses pintados à mão, moedas antigas, balas de murano e um dinossauro colorido que foi brinquedo de infância dos filhos. Das várias viagens que fez pelo mundo (como Nepal e Índia, de onde trouxe verdadeiros tesouros, como rubis e contas em âmbar dourado), acumulou referências e inspirações variadas, mas confessa que algumas de suas melhores ideias nasceram em casa.

Madeira, jade e metais preciosos compõem a vasta coleção atípica de Marisa Biondo Paschoal. Tudo são achados de viagens inusitadas pelo mundo afora – Foto: Cassia Tabatini, com beleza por Rosa Carlos, direção de arte de Ingryd Gomes, retoque RZ Studio, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuba Hub, produtora responsável Claudia Nunes, assistentes de foto: Gianfranco Vacani e Victor Cohen

Meses atrás, comprou uma coleção de estatuetas de bichos em ébano, trazida de Angola e, querendo transformá-las em um colar, desmontou a grade florida de bronze da lareira no segundo andar. As pétalas metálicas equilibraram com os animais em madeira opaca e a joia única fez sua estreia quando Marisa foi a um desfile. Fora das ruas, onde vira cabeças, guarda suas peças em gavetas e armários infinitos e jura que sabe “mais ou menos” onde cada coisa está. Até tem vontade de vender algumas. O problema? “Morro de preguiça!”.