Por Ligia Carvalhosa
Esqueça o pretinho básico. Nesta temporada, o vestido da vez é branco e não tão primordial. Ele se parece com camisolas antigas, como as usadas pela corte francesa entre os séculos 18 e 19. Mas não se assuste, aqui não há nostalgia. Na verdade, são o que há de mais atual na moda, carregando aquela praticidade essencial ao guarda-roupa contemporâneo. É que uma das principais tendências vin das das passarelas internacionais neste verão 2015 propõe o olhar para o passado distante, como forma de entender e pensar o presente.
“O desafio foi trazer a atitude da realidade contemporânea a algo muito histórico,simplificando o que poderia ser percebido como teatral”, declarou Raf Simons, sobre o verão 2015 da Dior. A coleção é uma das que mais bem representam o movimento, responsável também pelo resgate da estética boudoir. Estamos falando de longos e amplos vestidos de algodão trabalhados com bordados ingleses e rendas – na era vitoriana, o tal bordado era exclusividade de trajes íntimos. Outras versães aparecem com referências marinhas na Valentino, compõem os básicos ultraluxuosos da Hermès, e completam, trabalhadas em renda guipure, o verão boho da Chloé. Louis Vuitton e Stella McCartney também têm suas próprias interpretações, mas com abordagem híbrida entre o artesanal e o tecnológico, em couro e jeans, respectivamente.
O denominador comum vem na forma e na cor – branca. O uso de tecidos naturais também vai ao encontro de outra importante tendência da estação: os anos 1970. Típicos da contracultura antimaterialista daquela década, quando jovens preferiam vestir itens garimpados ao redor do globo, em vez de peças produzidas em massa, rendas e bordados artesanais confirmam a ideia do luxo além do produto em si. Um luxo que tem raízes no precioso trabalho manual e já se mostra como possível reação à velocidade (e ao volume) da produção industrial que homogeneíza imagens e se afasta da noção de exclusividade.



