Dolce & Gabbana: moda masculina ou arte renascentista? (Foto: Divulgação/Dolce & Gabbana/Metropolitan Museum of Art)

Você consegue soletrar G-a-b-b-a-n-a? Já são algumas temporadas desde que as cores deixaram as coleções da Dolce & Gabbana e abriram a cena para paletas monocromáticas. Sim, essa é a única descrição possível, porque não são tímidas e nem discretas. O flair italiano continua lá, dramático, sensível, potente – ainda com cara de D&G, mas sem todo o barroquismo. Aliás, parece mesmo que Domenico e Stefano decidiram voltar um movimento artístico atrás e parar na Renascença. Não só porque, de fato, tem sido um renascimento (e um luto à ostentação de outros tempos), mas porque todos esses modelitos escuros me lembram os fashionistas de outrora que, lá mesmo (na Renascença italiana), também só vestiam preto.

Há dois anos, um pouquinho antes da Dolce & Gabbana se livrar das cores, o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, inaugurou a exposição “Os Médici: Retratos e Políticas (1512 – 1570)”. O título é autoexplicativo, mas os quadros exibidos, de membros dessa importante família florentina, são um deleite de figurinos. Os homens, coitados, pareciam tão sérios, entediados e até bravos. Deve ser porque não estavam vestindo #D&G (risos).

Longe de mim fazer esse tipo de comparação, mas vejam bem: o preto está para a Itália como o azul-marinho está para a Inglaterra e o rosa para a Índia. O little black dress é, na verdade, il vestitino nero! Basta querer dar um pulinho no Vaticano para ver o papa e o dress-code será exatamente esse: preto claro, preto escuro, preto pastel!!! Enfim, não acho que o papa deva ter estado no desfile hoje… quem sabe os cardeais?

Para piorar, os Médici foram grandes mecenas das artes. Pense em Donatello, Michelangelo (não as tartarugas-ninja, por favor), Botticelli… até Fra Angelico, que inspirou, séculos depois, Jeanne Lanvin com suas tintas azuis. Hoje, Domenico Dolce e Stefano Gabbana também entraram para o mecenato, apoiando novos estilistas pelo mundo, como Tomo Koizumi, Miss Sohee, Matty Bovan e a brasileira Karoline Vitto. A próxima, que desfila em fevereiro, é Feben.

Mas vamos com calma: Milão é Milão, Florença é Florença. Isso tudo foi para dizer que o pretinho continua o máximo!”