
SAU no SPFW – Foto: Gabriel Benati
Durante a última edição do São Paulo Fashion Week, as texturas vindas do trabalho manual ganharam vida em forma surpreendente nas coleções apresentadas. Com holofotes para técnicas ancestrais, revisitadas pelos designers, principalmente entre as tramas irresistíveis do crochê – fios que contam histórias, vão além das passarelas e chegam nas comunidades brasileiras, na qual o trabalho é minuciosamente passado de geração em geração.
É uma nova transformação sobre o que os fios entrelaçados significam para a moda brasileira. Os estilistas, como artesãos modernos, teceram suas narrativas com paciência e paixão. Uma viagem completa entre a moda praia até as ruas cosmopolitas da capital paulista. As coleções foram uma verdadeira celebração da versatilidade de tramas, como a presença do crochê e rendas. De peças leves, prontas para um dia de verão, até criações robustas e estruturadas. Cada ponto conta sua história e adiciona a estética de cada marca, sem perder o apreço pelo fazer manual brasileiro.
Entre as marcas que olharam para os dias arejados de verão e as noites da praia, os mestres na arte do crochê em Ateliê Mão de Mãe, que não decepcionaram em sua especialidade, chegando a apresentar uma saia em construção de criolina inteira feita de crochê. Outro destaque foi o desfile de DEPEDRO, que entre os setenta e quatro visuais apresentados na passarela, a grande maioria olhava para as técnicas manuais feitas no Brasil. 45 peças foram feitas com renda richelieu, renascença, bilro, crochê e patchwork, numa grande homenagem às manualidades ancestrais do Seridó. Em SAU, um twist dourado trouxe o beachwear do mar até as ruas da cidade. Entre o super experimental e talentoso Lucas Leão, apresentou vestidos robustos em uma linha grossa, que deram um ar escultural para sua passarela em comprimentos curtíssimos.
João Maraschin e Hist foram a dupla de estreantes que trouxeram as texturas manuais integradas em visuais completamente modernos. Nos bastidores dos ajustes finais, antes das passarelas, as agulhas dançavam em um ritmo próprio, em talvez o maior exemplo do artesanal abraçando o contemporâneo. Ao valorizar o trabalho manual, os estilistas destacaram a importância de técnicas tradicionais de verdadeira celebração do trabalho manual, um lembrete de que, às vezes, a beleza está nos detalhes que só as mãos humanas podem criar.