
Por Luigi Torre
“As mídias digitais mudaram tudo, principalmente a velocidade das coisas. Tudo é para já, tudo é mais rápido – e tudo envelhece mais rápido também.” Assim começa nossa conversa com Renata Figueiredo, nome por trás da Tigresse, marca que não perdeu tempo em se colocar a par das mudanças do mundo e da moda. Nem que, para isso, precisasse de algumas transformações em seu próprio DNA. “Vejo mais como um crescimento, um amadurecimento da marca.”
Renata se refere ao novo posicionamento que sua Tigresse assumiu, desde o começo do ano. Já bem-sucedida e consolidada no atacado (são 180 multimarcas em todo o País e sete lojas próprias, entre São Paulo, Campinas, Alphaville e Rio de Janeiro), a marca começa a se focar num público mais sofisticado e “com mais informação de moda”, nas palavras da própria. “Continuamos muito comerciais”, reforça Fabio Yukio, estilista da grife. “Mas agora investimos majoritariamente nessa fatia mais alta do mercado.”

Vêm daí algumas das principais novidades, como a coleção-cápsula toda focada em peças de chamois. O material, essencial para a moda 70’s de agora, apareceu tímido num primeiro momento, em apenas algumas poucas peças. Todas, para surpresa de Renata, vendidas em tempo recorde. Daí a ideia de criar pequenas linhas em tal tecido, a partir já deste mês. Carro-chefe da grife, as estampas também passam por reformulações quase drásticas, não fossem muito bem-vindas. Quebrando a hegemonia dos animal prints e florais, padronagens geométricas e peças lisas agora encontram espaço nas coleções. Padronagens, aliás, pintadas à mão pelo próprio estilista. “Enquanto todas as marcas investem na estamparia digital, fizemos o caminho contrário e investimos no manual”, explica Fabio, sobre os primeiros desenhos, com fortes referências 70’s.
Movimento que encontra ressonância com os primeiros passos – e hits – da Tigresse. Foi com uma minicoleção de 15 camisetas tingidas manualmente e com toques de cristais que Renata ganhou o gosto de suas primeiras clientes, há quase 7 anos. Tais peças, aliás, prometem um retorno às araras da marca no próximo verão.
Mas, até lá, as novidades ainda são muitas. É que, hoje, a Tigresse trabalha com 12 coleções anuais. “Como tudo ficou mais rápido, não fazia sentido colocar apenas duas ou quatro grandes coleções na loja”, explica Renata. “Assim, temos mais agilidade para responder a demandas de mercado e de nossas consumidoras. A velocidade, aqui, não se resume apenas à criação. Vai da postagem frequente de conteúdo exclusivo nas redes sociais à abertura de novas lojas. Este mês, aliás, a grife inaugura uma nova no Shopping JK Iguatemi e, até o fim do ano, espera completar 10 pontos de venda próprios no País.