Bossa de Maria - Foto: Divulgação

Até dia 5 de setembro, a Pinga Store (Rua da Consolação, 3.378, Jardins, São Paulo) se transforma em um pedacinho do Nordeste com a 7ª edição do Festival Nordestesse com curadoria de Daniela Falcão. Durante o evento, 12 marcas de cinco estados – Bahia, Alagoas, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte – apresentam moda, artesanato e cultura regional, em uma experiência que conecta o público paulistano às cores, texturas e histórias do Nordeste.

Entre as peças mais encantadoras estão as casinhas de barro de Claudio da Capela, sobrinho do renomado mestre João das Alagoas, que recria em miniatura o cotidiano da região; e os sobrados de Barbalha, eternizados em madeira pelo artesão Nil Morais, revelando a beleza da arquitetura popular nordestina. Cada objeto carrega histórias, memórias e técnicas passadas de geração em geração.

Adriana Meira – Foto: Divulgação

No universo da moda, o bordado se destaca como protagonista. A cearense Joana de Paula, carioca radicada em Fortaleza, trabalha com linho, algodão orgânico e seda, bordados à mão por artesãs cearenses, incluindo labirinteiras e rendeiras de filé. Cada peça é uma narrativa artesanal, um elo entre tradição e contemporaneidade.

Também do Ceará, Cândida Lopes, com sua marca Cândida Autoral, transforma camisas, caftãs e vestidos em memórias afetivas, bordando santos, orixás e frases pontilhadas. Seus delicados escapulários emoldurados em prata de lei se tornam pequenos tesouros cobiçados por todos.

Studio Orla – Foto: Divulgação

A alagoana Alina Amaral traz uma abordagem inovadora ao bordado tradicional, misturando cultura popular e formas contemporâneas. Para o festival, apresenta uma coleção inspirada na médica Nise da Silveira, ícone da luta antimanicomial no Brasil, produzida com a colaboração de 20 bordadeiras de uma ONG que apoia mulheres em situação de vulnerabilidade em Maceió.

Da Bahia, Adriana Meira encanta com seus patchworks de tecidos e camurça aplicados em linho, jeans e algodão. Caftãs, jaquetas e vestidos representam santos, orixás e imagens abstratas, unindo tradição e modernidade. Na sexta-feira, 22 de agosto, o público poderá personalizar suas peças bordadas, adicionando um toque exclusivo a cada criação.

George Azevedo – Foto: Divulgação

A inclusão também está presente no festival, com a marca Almacor, que transforma quadros de jovens artistas neurodivergentes em estampas para roupas e objetos de casa. Autistas, jovens com síndrome de Down e paralisia cerebral veem suas obras ganhar vida como peças de arte vestível, sob a curadoria de Cynthia Jaber e Cecília Freyre.

Entre as marcas que reinterpretam o contemporâneo, a Cearensy se destaca ao transformar técnicas de crochê em uma linguagem atual e ousada. Já a Oco Club propõe moda urbana e agênero, conectando cultura praiana e streetwear com alfaiataria leve. A Studio Orla celebra o espírito do litoral cearense, levando palha e treliças de linho para peças agênero que unem tradição e inovação sem caricaturas.

Cearensy – Foto: Divulgação

Do Rio Grande do Norte, George Azevedo cria peças pintadas à mão que misturam upcycling, fauna, flora e história local. Para o festival, apresenta a coleção “Grande Hotel”, inspirada na euforia dos anos 1940, durante a ocupação americana em Natal, com camuflados tropicais e estampas remetendo às pinups da época.

Em Alagoas, a joalheria B.Design, de Bianca Theotonio, celebra o sertão e o Rio São Francisco com peças slow feitas em metais reciclados, enquanto a baiana Bossa de Maria, de Roberta Pires, aposta em alfaiataria sofisticada e tropical, recortes enviesados e babados sutis. Para o festival, Roberta apresenta ainda vestidos de crochê e fuxicos que reforçam sua abordagem artesanal e contemporânea.

Aline Amaral – Foto: Divulgação

O Festival Nordestesse não é apenas uma mostra de moda e artesanato; é um convite para sentir, tocar e viver a cultura nordestina. Cada bordado, cada peça de cerâmica, cada estampa e cada joia conta uma história única, transformando o feito à mão em sinônimo de luxo, exclusividade e identidade cultural. BAZAAR já passou por lá, e você?