Joias são itens que carregam personalidade e atemporalidade, além de possibilitarem marcar momentos importantes e sentimentos que gostaríamos de nos lembrar ao longo dos anos. Filippo Ficarelli e Francesco Terzo se baseiam em todos esses fatores na hora de criar peças para Pandora, mas acrescentam um twist que conquista diferentes comunidades: a possibilidade da customização.
À frente da direção criativa da marca desde 2018, a dupla começou sua caminhada no mundo da moda com sua própria marca de roupas masculinas, além de atuar como consultores para a Dior e a Ralph Lauren – experiência que possibilitou ao duo levar o dinamismo da moda para o mundo clássico das joias. “Nossa visão para as joias é completamente diferente, mais democrática, moderna, orientada pela comunidade, expressiva e sobre lidar com seu estilo”, analisa Ficarelli em entrevista para a Bazaar.
No bate-papo, o designer fala sobre a influência das redes sociais, a importância da criação de comunidades e a democratização do universos das joias. Leia a conversa abaixo:
Harper’s Bazaar – Como sua experiência com moda masculina ajuda com seu processo criativo para criar joias?
Filippo Ficarelli – Eu e Francesco tivemos sorte em nossa carreira, porque pudemos trabalhar em diferentes categorias do mundo da moda. Francesco estudou arte e eu estudei em uma faculdade de moda em Londres e, claro, começamos com uma marca de roupas masculinas. Esse foi o ponto inicial porque queríamos nos expressar, colocamos um pouco do nosso estilo e o que tínhamos para dizer no cenário. Depois de começarmos a trabalhar com moda, tivemos encontros interessantes, para criar em diferentes cenários, como joias, acessórios, etc. Moda é interessante porque mostra a importância de contar histórias, criar um universo e entender realidades, já que está dentro do mundo real. Quando nos aproximamos da indústria de joias, às vezes, parece que ela está afastada do centro, como se fosse muito exclusiva. Mas nossa visão para as joias é completamente diferente, mais democrática, moderna, orientada pela comunidade, expressiva e sobre lidar com seu estilo. Nós combinamos os dois mundos juntos, ou seja, aprendizados do dinamismo do sistema de moda e o significado, a atemporalidade e a qualidade da joalheria. Tentamos unir os dois elementos em um para criar para a Pandora.
As tendências viajam mais rápido por causa das redes sociais. Como acha que isso afeta na hora de criar joias?
[Mídias sociais] são a nova representação do que está realmente acontecendo e pode captar algo que tem um sentimento forte. Nós vemos uma conexão interessante entre redes sociais e joalheria, porque as redes querem representar o que nós realmente queremos ser ou nossa singularidade, e a joalheria ajuda isso. É uma combinação interessante de canal de expressão. Ao mesmo tempo, queremos ser cuidadosos, porque desejamos ser autênticos, que as joias sejam uma combinação do tempo. As redes são uma forma interessante de atingir mais pessoas, de atrair uma comunidade, de encontrar e dar inspirações. Também é um mecanismo interessante de receber feedback imediato, é algo que é fresco para nós. Porque a indústria de joias pode ser bem lenta, mas gostamos de estar por dentro do tempo que estamos, representá-lo. Acho que as redes podem estabelecer esse diálogo. Estamos todos aprendendo. É um certo processo, não queremos ser perfeitos, queremos ser entendidos em uma conversa.
Como foi a criação da linha “Pandora ME”?
A inspiração é realmente a essência da criatividade. Gostamos de um universo de joias em que as pessoas realmente possam gostar, experiências e criação. A ideia de personalização é realmente Pandora, a marca nasceu com isso, para criar algo único, que é combinável e personalizável. Queríamos dar para “Pandora ME” outro nível neste universo de personalização, realmente construir sua corrente, diferentes tipos de acessórios, não só braceletes, mas colares, brincos e combinar um visual pessoal. A ideia foi criar uma nova linguagem dentro da joalheira, algo moderno que realmente traz personalização, que realmente representa a ideia de criar algo que seja único para nós. Somos fascinados com os movimentos do passado, então acrescentamos alguns elementos punks combinados com simbolismos, tatuagens, todos esses universos inspiradores que realmente falam de expressão. E, claro, a conversa com as gerações mais jovens é imediata, porque vemos que as gerações mais novas querem experimentar e isso é o que Pandora significa, experimentar e criar.
Por que decidiram acrescentar ouro às novas criações?
Nós decidimos acrescentar ouro em uma abordagem extensa, porque acrescentamos o metal em todos os elementos da coleção, de todas as categorias, criamos um novo elemento, novas joias apenas com ouro. A abordagem dele é muito específica, é forte, energizante e cria um novo ângulo para o projeto. Há um viés de eternidade, de poder e o ouro é uma perfeita interpretação desses elementos.
Como as joias podem contribuir para a celebração da autoexpressão?
A versatilidade em diferentes tipos de abordagem de estilos que todo mundo tem é realmente único e acreditamos que pessoas podem usar essas peças de uma forma muito pessoal. Você pode criar visuais elegantes, ousados, expressivos, combinar e ser muito íntimo. Gostamos de inspirar pessoas, não estamos ditando como usar, queremos inspirar pessoas a serem quem são e acreditamos que as joias podem permitir isso.
Quais são os principais pontos do futuro da joalheria?
O futuro é muito poderoso. Como marca, vamos ser atraídos pela ideia de comunidade, na diversidade de pessoas e, de novo, essa ideia de expressão é a principal inspiração. Queremos dividir uma ideia de estilo que é pessoal e único, mas que mistura diferentes tipos de estéticas. Esse tipo de diálogo com a comunidade, com a singularidade das pessoas, ter qualidade, um bom storytelling, uma boa mensagem e voz, isso é, para nós, o futuro da joalheria. Acreditamos que mais e mais pessoas estão começando a ficar mais familiarizadas com joias, é uma conversa sem fim. Joia não é um item de moda, é algo que você coleciona, que você mantém para si mesmo ou que presenteia para pessoas que ama. Essa possibilidade de dividir, de trocar com outras pessoas algo que foi seu, é algo muito interessante.