A morte de Brigitte Bardot, aos 91 anos, marca o fim de uma era, mas o impacto de sua imagem, de seu estilo e de sua presença no cinema segue mais vivo do que nunca. Muito além de musa do cinema francês, Bardot foi uma força estética que redefiniu a moda feminina do pós-guerra, antecipou tendências e construiu uma nova ideia de sensualidade: natural, solar, livre.

Publicity portrait of French actress Brigitte Bardot, 1963. (Photo by John Kisch Archive/Getty Images)

Do figurino às atitudes, seus filmes ajudaram a desenhar o imaginário fashion que ainda hoje influencia designers, fotógrafos, marcas e gerações inteiras. Revisitamos alguns dos títulos que não apenas consagraram Bardot como ícone cultural, mas também mudaram o curso da moda.

E Deus Criou a Mulher (1956)

A origem da sensualidade moderna

No papel de Juliette, Bardot surge como uma bomba estética: cabelos soltos, vestidos e roupas leves, pés descalços, batom quase inexistente. O filme inaugura uma nova linguagem do desejo: longe do glamour rígido de Hollywood, mais próxima da liberdade corporal e emocional. O estilo? Simples, espontâneo e solar. Um choque para os padrões da época.

Foto: Reprodução

Une Parisienne (1957)

O charme da parisiense moderna

Foto: Reprodução

Aqui nasce o mito da francesa cool: jovem, elegante sem esforço e feminina sem rigidez. O tipo de estética que até hoje define campanhas, marcas e editoriais.

La Vérité (A Verdade, 1960)

A virada estética: menos fantasia, mais realidade

Figurinos simples, urbanos, quase crus. Este filme ajudou a deslocar Bardot do estereótipo de sex symbol para um ícone de estilo mais profundo, real e emocional. Algo que a moda absorveu completamente na década seguinte.

O Desprezo (1963)

A consagração do minimalismo sexy

Sob a direção de Jean-Luc Godard, Bardot aparece em um guarda-roupa que hoje parece absurdamente atual: vestidos retos, tops justos, faixas de cabelo, cores primárias, cabelos naturais, maquiagem mínima. Aqui nasce o arquétipo da francesa moderna: sensual sem esforço, elegante sem rigidez, eterna referência para o “less is more”.

Foto: Reprodução

Viva Maria! (1965)

Boho, feminilidade e espírito livre

Com saias rodadas, poá, blusas camponesas, botas e lenços, Bardot antecipa a estética boêmia que explodiria nos anos 1970.
O filme constrói uma imagem de mulher aventureira, politizada e autônoma e a moda acompanha essa narrativa: muita identidade.

Brigitte Bardot on the set of “Viva Maria”. (Photo by Sunset Boulevard/Corbis via Getty Images)

As Petroleiras (1971)

Rebeldia e moda cowgirl

Em Les Pétroleuses (As Petroleiras), Bardot aparece com roupas inspiradas no faroeste reinventadas para os anos 70: franjas, botas, coletes e um espírito livre que antecipou elementos do estilo boêmio e rock’n’roll. A estética do filme se tornou referência para designers que, décadas depois, revisitariam o western chic nas passarelas e editoriais.

Foto: Reprodução

Bardot deixa uma filmografia marcante e um legado estético que atravessa gerações e continua a moldar o imaginário da moda, do cinema e da cultura moderna. Até o fim da vida, seu nome permaneceu associado à liberdade feminina, à reinvenção da sensualidade e à recusa de padrões impostos.

Portrait de Brigitte Bardot tenant un chat en avril 1991, en France. (Photo by ARNAL/Gamma-Rapho via Getty Images)

Longe das telas há décadas, Bardot transformou sua fama em militância, dedicando-se à defesa dos direitos dos animais e mantendo uma presença simbólica poderosa, ainda que distante dos holofotes. Sua morte encerra um capítulo fundamental da história cultural do século 20, mas não silencia sua influência: ela segue presente nos cortes de cabelo, nas silhuetas, na maneira como a moda pensa o corpo, o desejo e a mulher.