
Foto: Luiza Stevaux
Aconteceu que um canteiro de obras dentro do Pacaembu que serviu como passarela para a marca FRANCESCA em sua estreia. Já são três anos desde que a designer tem sua marca consolidada e, ainda assim, continua falando em construção. O momento marca um passo importante na trajetória da label e reafirma sua força como uma das vozes mais promissoras e influentes da moda brasileira contemporânea.
Entre os andaimes e tábuas de madeira, alfaiatarias acinturadas por moletons passearam ao lado de saias de seda, calças de couro, modelitos de látex, vestidos sensuais e suéteres quase surrealistas. Nas bolsas maximalistas despojadas que contracenavam com os looks, trazendo praticidade com estilo.
A coleção parte da ideia de construção no sentido simbólico. Assim como o ser humano está em constante transformação, a marca também se constrói a cada gesto, escolha, acerto e falha. As peças traduzem essa filosofia em volumes que se expandem e se contraem, proporções tensionadas e uma paleta que transita entre neutros e tons ácidos, refletindo o equilíbrio entre força e vulnerabilidade que define o universo da Francesca.
Nos bastidores, a energia era de emoção e pertencimento. Muitos dos profissionais que estavam lá caminham com Francesca há anos, numa relação de confiança e entrega genuína — o que transforma a passarela em uma experiência viva.
HARPER’S BAZAAR BRASIL — Queremos ouvir de você um pouco sobre essa nova coleção e esse momento da marca.
Francesca Monfrinatti— Essa nossa coleção entra nas lojas a partir de fevereiro. É o momento do nosso primeiro desfile, porque eu acho que hoje eu já tenho um produto com qualidade impecável, a ponto de você querer apresentar para outras pessoas. Hoje eu estou em um lugar de produto que me deixa muito orgulhosa com o que construí na minha arara. Achei que era o momento certo de apresentar isso, até porque eu já tenho uma história — pequena, mas significativa — que posso começar a contar. Então, o desfile é uma construção que fala de todos os pilares que nos trouxeram até aqui. Estamos assumindo que somos, sim, uma máquina de construção — com acertos e erros —, mas que estamos fazendo algo certo para gerar esse burburinho hoje.
HBB — E qual foi a principal inspiração para o desenvolvimento criativo da coleção?
FM — Eu peguei todos os maiores best-sellers da Franchesca desses três anos e redesenhei. Trabalhamos muito os códigos mais latentes da nossa marca, revisitamos e transformamos essas peças em versões mais elaboradas, a ponto de se tornarem peças de desfile. Então é basicamente isso: hoje contamos uma história — do que foi a Franchesca, onde ela está e para onde mira.
HBB — E sobre a escolha do local para o desfile?
FM — Estamos em uma semana de showroom, e nos unimos ao Contemporâneo, que é onde faço a venda de atacado. O atacado representa uma fatia muito grande do nosso faturamento, então quis facilitar para que esses parceiros estivessem próximos e pudessem participar. Foi uma forma de integrar tudo — usei o mesmo complexo para realizar o desfile.
HBB — A cartela de cores chamou bastante atenção, especialmente os couros. É a primeira vez que vocês trabalham com esse material, certo?
FM— Sim! Dessa vez, adicionamos o couro na coleção — é a primeira vez que trabalhamos com ele. Fizemos uma coleção grande de bolsas e acessórios novos, e começamos a incluir o couro também nas roupas. Os sapatos, por exemplo, estão lindos. Sempre fomos uma marca muito neutra, mas agora trouxemos novas tonalidades: lavados, verdinhos, lilases, um toque de rosa… e até látex. Tudo isso traz uma nova energia, mais ousada, para o nosso inverno.

