
Gkay de vestido Saint Laurent, cabeça Walério Araújo e sapatos Corello para o Baile do BB – Foto: Igor Melo
Quando Gkay decidiu usar o vestido Saint Laurent que Zoe Kravitz levou ao Met Gala de 2018, a escolha foi além da estética. No Baile do BB deste sábado (16), a criadora de conteúdo piauiense apareceu com a peça de renda preta – transparente, justa, com fenda lateral – em um gesto que fala tanto sobre seu amadurecimento fashion quanto sobre os novos códigos da elegância contemporânea.
“Eu já acompanhava muito a Zoe, ela tem uma leitura de moda que admiro demais”, conta Gkay à BAZAAR. “Quando surgiu a possibilidade desse look, um vestido preto de renda da Saint Laurent que chamou atenção no Met Gala, achei perfeito reinterpretar para o baile: é elegante, sensual e ao mesmo tempo contemporâneo.”
A decisão revela maturidade. Em vez de buscar o inédito a qualquer custo, Gkay optou por uma peça com história – e assumiu a escolha sem constrangimento. “Ela sempre arrasa nos tapetes vermelhos, com certeza é uma das minhas referências, mas o mais importante para mim é sempre imprimir a minha personalidade em qualquer look que eu vista.”
A Ousadia Como Marca Pessoal

Gkay de vestido Saint Laurent, cabeça Walério Araújo e sapatos Corello para o Baile do BB – Foto: Igor Melo
Para quem está acostumada a ver Gkay explorando volumes exagerados e cores vibrantes, o vestido Saint Laurent marca uma guinada. A silhueta minimalista, apoiada na transparência e no corte impecável, exigiu outro tipo de confiança.
“Eu gosto de me divertir com a moda, brincar com volumes, texturas e, nesse caso, com a transparência”, explica. “Meu humor é a ousadia. Fui corajosa quando saí do Piauí para ganhar o mundo, quando me desafiei em desfiles internacionais. Então, quando me expresso na moda, quero que isso apareça também.” O contexto do evento – uma homenagem a Grace Kelly – não passou despercebido. “Esse evento merecia um look que traduzisse essa força e essa liberdade”, diz. Grace Kelly, afinal, foi pioneira em usar sua imagem como ferramenta de poder, algo que Gkay compreende bem.
O Caminho Até Aqui

Gkay de vestido Saint Laurent, cabeça Walério Araújo e sapatos Corello para o Baile do BB – Foto: Igor Melo
A relação de Gkay com a moda nem sempre foi tranquila. “Não foi fácil. Quando você nasce mulher e nordestina, já está acostumada a receber muitos ‘nãos’”, admite. “Eu pensava: o máximo que pode acontecer é ouvir mais um não, mas se desse certo seria a realização de um sonho.”
Hoje, sua abordagem mudou. O que antes era pura paixão se transformou em estudo. “Tenho um respeito muito maior pela moda, estudo, pesquiso e busco me aprofundar cada vez mais, porque sei que cada passo é também uma forma de representar muitas outras mulheres.”
Essa consciência sobre representatividade fica clara quando ela cita suas inspirações futuras. “Acho que me inspiraria em algum look icônico da Rihanna em tapetes vermelhos. Ela sempre conseguiu unir moda e personalidade em uma única aparição. Esse poder de transformar um vestido em um acontecimento é algo que admiro muito.”
Além das comparações

Gkay de vestido Saint Laurent, cabeça Walério Araújo e sapatos Corello para o Baile do BB – Foto: Igor Melo
Usar uma peça já vista em outro corpo, especialmente em um evento tão fotografado quanto o Met Gala, inevitavelmente gera comparações. Gkay tem uma visão clara sobre isso.
“Ser mulher na internet é estar constantemente sendo comparada. Mas eu prefiro não absorver esse tipo de comentário, porque acredito que cada pessoa traz uma energia única para o look”, reflete. “O mesmo vestido pode ter significados diferentes dependendo de quem veste. No fim das contas, não é sobre quem ficou ‘melhor’, e sim sobre a autenticidade que cada uma coloca na sua escolha.” É uma filosofia que ressoa além da moda. Em um momento em que a sustentabilidade ganha espaço no luxo e o “re-wearing” se torna tendência, a postura de Gkay soa contemporânea e consciente.
Ao escolher Saint Laurent para uma noite em homenagem a Grace Kelly, Gkay demonstra que entendeu algo fundamental sobre moda: não se trata apenas de roupas, mas de como usamos o que vestimos para contar nossa própria história. E a dela, definitivamente, vale a pena ser contada.