Foto: Divulgação por Will Carvalho

Moda, arte e design se cruzam na estreia em passarela digital da J.Boggo+. Sob a direção do artista e designer Jay Boggo, a coleção “Oxímoro” marca não apenas um desfile, mas a consolidação de uma trajetória construída entre pesquisa e criação.

O fashion film apresentado no dia 23 de setembro, como o próprio nome sugere, “Oxímoro” trabalha a dualidade como essência: peças que transitam entre passado e futuro, tradição e vanguarda, calma e aceleração. O ponto de partida foi a coleção de joias em prata, desenvolvida a partir de talheres garimpados em antiquários das décadas de 1940 e 1950.

“A ideia era dar continuidade a essa dualidade que propomos na marca. São acessórios de vanguarda, mas com matéria-prima antiga, carregada de memória. Optamos por não extrair novos minerais, reforçando nosso compromisso com a sustentabilidade”, explica Jay.

Jay Boggo, diretor criativo e Anderson Tavares, head de criação  conversaram exclusivamente com a BAZAAR sobre o processo criativo, os simbolismos de “Oxímoro” e os próximos passos da marca.

HARPER’S BAZAAR BRASIL: O que despertou em vocês esse interesse por buscar peças em antiquários?

JAY BOGGO: A ideia era dar continuidade à dualidade que a marca sempre traz. Criamos roupas vanguardistas, mas quisemos acessórios igualmente de vanguarda feitos a partir de matéria-prima antiga — peças datadas das décadas de 1940 e 1950. Esse processo reforça também nosso compromisso com a sustentabilidade, já que optamos por não extrair novos minerais.

HBB: Temos visto uma tendência forte de olhar para o passado, quase uma nostalgia coletiva, e isso aparece também na sua coleção. Como você enxerga esse movimento?

JB: O clássico é sempre o clássico. Sem história não conseguimos avançar. O ser humano é memória. Ao mesmo tempo em que buscamos o digital e a evolução, sentimos saudade do mundo analógico, mais calmo. Essa dualidade é central: a coleção traz essa Jay que é calma, slow, um verdadeiro manifesto do slow fashion em diálogo com o presente.

HBB: E por que a escolha pelos talheres em específico?

ANDERSON TAVARES: Eu e o Tavares acreditamos que a mesa é um lugar de união e diálogo. É onde famílias e amigos compartilham grandes momentos. Uma mesa bem posta é um gesto de capricho, e quisemos transformar esse capricho em joia.

HBB: Dentro do universo da sua marca, qual é a mensagem principal que você deseja transmitir ao seu público?

JB: A J.Boggo+ olha para o futuro sem nunca deixar o clássico para trás. Queremos que o consumidor invista bem em uma roupa, use por anos e a veja como arte. Quando se olha para a moda como obra, surge o respeito e a vontade de conservar por mais tempo.

HBB:O que podemos esperar da Jay Boggo nos próximos capítulos?

JB: É como se a marca tivesse acabado de nascer. Acreditamos em um renascimento diário. Entramos com calma, sem forçar nada, e foi assim que conquistamos nosso espaço nas passarelas. Esse ritmo continua: calmo, delicado, mas com a certeza de que viemos para ficar.

HBB: E agora, saindo um pouco da marca e entrando no pessoal: quais filmes, músicas ou exposições têm feito parte do seu universo criativo hoje? E de que forma eles influenciam suas inspirações?

JB: Eu, Jay, estou muito envolvido com as minhas exposições. Tive a sorte e a honra de entrar no design e ser aceito. A minha arte foi acolhida: hoje estou presente em galerias, faço exposições e estou em museus. Isso corrobora para que eu me mantenha atento ao meu próprio trabalho. Não faço muitas comparações e procuro não olhar muito para o trabalho dos outros, justamente para me concentrar no meu.

O Tavares é uma pessoa muito musical: ele acorda e dorme com música. Como head de produto da marca, ele tem uma playlist extremamente sofisticada e me ajuda a entrar nesse lugar criativo. Além disso, é completamente focado em séries.

Do rock ao pop, nosso gosto é muito amplo, e é justamente essa pluralidade que levamos para a roupa. Somos muito ecléticos — conseguimos ir de 8 a 80, de A a Z, no mesmo dia.