
Je M’appelle Brasil – Foto: Letícia “Irgamel”
“Construir pontes ao invés de muros”. É assim que o artista Samir Bertoli, de 24 anos e uma das cabeças por trás do Je M’Appelle Brasil, descreve o projeto independente que, na temporada de moda em Paris, levou seis marcas nacionais para a capital francesa. Em conversa com Bazaar, ele esclarece que a sensação, nascida da empreitada, é de reafirmação, com ênfase na colaboração verdadeira entre os criativos das marcas nacionais Carnan, Class, Mad Enlatados, Quadro Creations, Sufgang e Pace, que se uniram com o objetivo comum de mostrar ao mundo uma parte do Brasil ainda “misteriosa”: a moda autoral.
A ideia do projeto (batizado em uma brincadeira francófila com a expressão “eu me chamo”), nasceu no ano passado, quando reuniu, a convite de um coletivo de moda italiano, criadores brasileiros para produzir um livro sobre as subculturas nacionais. Ele foi apresentado na semana de moda de Paris ao lado de outros quatro livros na mesma temática de outros países. Na época, Samir aproveitou a oportunidade para conversar com personalidades diferentes e perguntar, empolgado, o que elas conheciam de cultura no Brasil.
As respostas, lembra, foram desanimadoras, com “mesmice” estereotipada. “O mundo conhece o Brasil como um País de cultura e diversidade ricas, isso nunca foi um problema. Porém, somos muito mais do que Floresta Amazônica, futebol, carnaval, funk e samba… É uma nação pulsante que consome moda o tempo todo, algo que muitas vezes é ignorado”, conta.
De volta às terras tupiniquins, começou a idealizar convites para marcas locais se juntarem em mais uma empreitada em Paris com ajuda da ID Prod como consultora do projeto. “Começou bem pequeno mesmo, com a ideia de ser somente um showroom de marcas com quem eu já havia trabalhado ou já conhecia. Tudo evoluiu rapidamente para pensar nesse projeto”, disse Samir.

Je M’appelle Brasil – Foto: Letícia “Irgamel”
Em retrospectiva, ele gosta de lembrar da imensa sinergia que existiu entre os envolvidos na colaboração, feita em um curto período de tempo. Mas a missão com o Je M’appelle Brasil se provou bem ambiciosa. Em Paris, depois de quase cinco meses de planejamento, foram três dias de ativação com experiências visuais e musicais, que contaram com a assinatura do diretor de arte Lucas Rodrigues.
“Enquanto a ideia crescia e tomava corpo, descobrimos que as possibilidades eram maiores do que imaginávamos”, afirma Samir. Mesmo que o objetivo fosse “internacionalizar” o imaginário de moda brasileiro, “a principal missão do Je M’Appelle Brasil é mostrar para o nosso próprio País que temos potencial de atingir cada vez mais novos territórios e pessoas diferentes. Para isso, a intenção é seguir recrutando nomes para ajudar a criar e movimentar esse projeto, assim como experienciei no passado”.

Je M’appelle Brasil – Foto: Letícia “Irgamel”.
Nas redes sociais, não houve fashionista brasileiro que não tenha sido pego pela repercussão da empreitada. A comunidade cresceu e a fantasia (real) da colaboração humana e completa entre as marcas e o público foi a faísca do sucesso para Samir Bertoli e o Je M’Appelle Brasil. Com o sucesso intencional, que o idealizador descreve como “mais que gratificante”, também veio o desejo de criar, expandir e desenvolver o sonho. A próxima temporada segue em segredo, mas o spoiler, revela Samir, é crescer com ainda mais marcas de diferentes regiões no Brasil.