Conheça a Mazarin, novo ateliê de alta-joalheria em Paris (Foto: Divulgação)

Desfiles de animais exóticos cobertos por pedras preciosas eternizaram os príncipes e marajás do Oriente como ícones do luxo e estilo. Cenas como essas – conhecidas pelos persas como durbar – já ficaram no passado, mas não faltou quem tenha se deslumbrado com os elefantes de ouro e diamantes que ocuparam os salões do Ritz de Paris, em setembro. As criaturas, na verdade, eram as joias da primeira coleção da Mazarin, joalheria francesa lançada oficialmente em um evento no hotel da Place Vêndome.

“É um símbolo que aparece em diversas culturas. Para nós, representa a memória, um elo com o passado”, explica o joalheiro Keagan Ramsamy sobre a escolha do elefante como emblema da marca e inspiração para a coleção inédita. A ideia foi da sócia, Louise de Rothschild, que também batizou o ateliê, em homenagem ao Cardeal Mazarin, lendário colecionador de diamantes que contribuiu com alguns dos tesouros mais preciosos da Coroa francesa ainda no século 16.

Mazarin é o novo nome da alta-joalheria parisiense (Foto: Divulgação)

“Queríamos algo com uma ligação real com a história e a tradição francesas na joalheria. Mazarin se encaixa perfeitamente na nossa visão”, conta Louise em conversa exclusiva com Bazaar.

Herança e tradição são centrais para a dupla, que abriu as portas de um salon exclusivo no número 34 da icônica Rue du Faubourg Saint-Honoré, onde os clientes só são recebidos com horário marcado. Nada disso, entretanto, fica no caminho do legado moderno e leve que a dupla pretende construir desde que começou a planejar o ateliê há um ano e meio, quando os dois deixaram a casa de leilões onde trabalhavam.

A pulseira de ouro em formato de elefante com um diamante na tromba é o design mais marcante da primeira coleção de alta-joalheria da Mazarin

A empreitada surgiu com muitas novidades, incluindo o “ouro responsável” usado nas peças, derretido de outras joias já existentes. “Temos ouro suficiente no mercado para que não precisemos mais extraí-lo da natureza”, defende Keagan, em referência aos impactos da extração do minério. A decisão foi acompanhada de outra ainda mais ousada: o uso exclusivo de diamantes de laboratório. “É um dos aspectos que revela nosso comprometimento em seguir na direção da modernidade”, revela Louise.

O movimento inovador conversa com a ambição maior da dupla: entrar para a história da joalheira – e não sem um bom lema. “A eternidade começa agora” é a frase que dita o tom chez Mazarin, com o ar provocador e decidido de quem não quer ser obsoleto em tempos efêmeros de redes sociais. “O passado, o presente e o futuro estão conectados. As tendências sempre aparecem, mas para nós é importante focar na continuidade”, explica Keagan.

Mazarin é o novo nome da alta-joalheria parisiense (Foto: Divulgação)

A nova coleção se divide em três linhas: Éléphant, Eboris e Amoretto, focada em anéis de noivado. As duas primeiras flertam intimamente com a tradição e Keagan garantiu que todas as trombas dos elefantes nas joias estivessem levemente voltadas para cima, envolvendo os diamantes em um sinal de boa sorte. Eboris (marfim, em latim) também faz referência ao animal e dá às presas curvas um twist “sensual e orgânico”, nas palavras de Louise.

Keagan Ramsamy e Louise de Rothschild são a dupla por trás da Mazarin (Foto: Divulgação)

Tudo é pensado com outra temática principal em mente, a liberdade. “É um dos nossos maiores valores. Não queremos nos limitar”, explica a joalheira, revelando que outros materiais, como o titânio e o alumínio, já estão no radar para futuras coleções. Essa mesma liberté é refletida na versatilidade dos designs sem gênero criados pela maison. No coquetel no Ritz, Keagan recebeu os convidados usando um pingente negro em formato de elefante que pode, igualmente, ser usado como broche. “Queremos que, por meio da Mazarin, as pessoas encontrem sua individualidade. Temos um lado lúdico, Louise e eu. Esperamos que isso fique evidente nas nossas criações”.