
Giuseppe Di Morabito (Foto: Getty Images)
A obsessão por volumes não nasceu agora. Do farthingale renascentista às crinolinas vitorianas, o desejo de ampliar o corpo sempre refletiu status, poder ou ideal estético.
No século XX, nomes como Cristóbal Balenciaga e Charles James consolidaram a ideia do “corpo-escultura” na alta-costura, trabalhando em tecidos como engenheiros.
Mais tarde, Issey Miyake e Rei Kawakubo levaram o conceito ao experimentalismo, desconstruindo a silhueta e trazendo a arquitetura para a passarela.
Em cada momento, volumes foram mais que ornamento: expressaram discursos sobre gênero, hierarquia social e liberdade criativa.
Nesta temporada, o tema apareceu em diversas apresentações, do mais discreto ao exagerado. Confira!
Prada
Na Prada, a silhueta nunca é apenas forma: é pensamento em movimento. A coleção começou com um ar utilitário, quase uniforme, mas rapidamente escapou da rigidez pela via da poesia. Luvas coloridas chamavam a atenção para detalhes que se revelavam nas dobras e camadas. O drapeado, com ecos de colunas gregas, costurava um diálogo entre romantismo clássico e a precisão minimalista que é marca da casa.

Foto: Getty Images
Dhruv Kapoor
Nas criações de Dhruv Kapoor, estruturas limpas e silhuetas arquitetônicas redefiniram o vestuário indiano, transformando peças arquetípicas em formas modernas e esculturais, onde tradição e contemporaneidade se encontraram em equilíbrio.

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Jil Sander
Jil Sander destacou silhuetas que exploram estruturas geométricas projetadas além do corpo, como se cada peça funcionasse como uma moldura arquitetônica. Apresentada na sede minimalista de Milão, projetada por Michael Gabellini, a coleção abandonou detalhes artísticos e o toque cinematográfico de Luke e Lucie Meier, retomando o purismo gráfico que Raf Simons consolidou entre 2005 e 2012.

Foto: Reprodução/Instagram @jilsander
Fendi
Na Fendi, as silhuetas se libertaram do previsível: vestidos e casacos ganharam cordões elásticos, barras e zíperes que emprestaram ao ladylike uma energia esportiva. Essa fusão entre alfaiataria e sportswear criou volumes móveis que redesenham o corpo em tempo real.

Foto: Instagram/Reprodução @fendi
Moschino
Moschino explorou silhuetas lúdicas e levemente infladas, transformando o corpo em uma instalação pop. Inspirado na Arte Povera, o designer brincou com materiais menos convencionais,criando volumes inesperados.

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Boss
No verão 2026 da Boss, as silhuetas exploram a tensão entre ordem e caos, unindo cortes geométricos a uma fluidez expressiva. A alfaiataria se reinventa por meio de sobreposições: camisas desabotoadas sobre camisas, gravatas frouxas e proporções pouco ortodoxas — de culottes masculinos com suspensórios a calças femininas exageradamente largas — criando formas que são ao mesmo tempo estruturadas e livres.

Foto: Reprodução/Instagram @boss
Giuseppe Di Morabito
Na coleção primavera 2026 de Giuseppe Di Morabito, as silhuetas são pura arquitetura: escultóricas, equilibrando delicadeza e força estrutural. Drapeados congelados e corsets que evocam estátuas de mármore renascentistas, reafirmaram a autoridade do designer na arte de esculpir o corpo.

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Institution
Na Institution, o designer georgiano-azerbaijano incorporou técnicas de upcycling e referências culturais de sua herança. Silhuetas com jacquard floral fil coupé construídas de forma invertida, criando um efeito teatral e volumoso. Capas inspiradas em trajes tradicionais, reinterpretadas em tecidos modernos e estruturados também marcaram presença na passarela.

Foto: Reprodução/Instagram @institution_official
Sportmax
Na Sportmax, a silhueta da temporada surge com força arquitetônica: alfaiataria ampla, sobreposições translúcidas e um toque de tough chic dão o tom. Trench coats aparecem em versões sem mangas e com múltiplas golas e lapelas, reforçando o espírito oversize e a lógica das camadas. A linha minimalista também encontra espaço em saias tubulares, enquanto calças largas de organza, de cintura baixa e pregas estruturadas, traduzem uma alfaiataria de inspiração masculina, reinterpretada com leveza.

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Bottega Veneta
Sob a direção criativa de Louise Trotter, a Bottega Veneta apostou em silhuetas inspiradas nos anos 1980, com ombros projetados e workwear imponente, enquanto franjas de acrílico em tops e saias adicionaram um efeito hipnótico e futurista, revelando um lado escultural e exuberante que eleva até as peças mais casuais.

Foto: Getty Images