
Morre Patrice Leguéreau, diretor de joalheria da Chanel, aos 53 anos (Foto: Divulgação)
Patrice Leguéreau, diretor do estúdio de joalheria da Chanel, morreu na última terça-feira (12/11), aos 53 anos.
Meses atrás, em Monte Carlo, tínhamos marcado na agenda um rendez-vous especial. A convite da maison, fui para Mônaco conhecer de perto as novidades da última coleção de preciosidades, ‘Sport’, e entrevistar o nome por trás de todo aquele brilho. E que brilho! Por forças maiores, Patrice não conseguiu estar no principado e o nosso encontro nunca aconteceu.
Nos últimos anos, entretanto, acabei me encontrando (e muito) com as suas criações. Um artista antes de tudo, era conhecido por rabiscar e pintar suas inspirações em telas antes de começar a trabalhar com as pedras. Foi assim, por exemplo, na coleção Tweed do ano passado, em que suas joias foram expostas na Place Vendôme ao lado de cinco pinturas expressivas de temas clássicos da Chanel. Poucos dias depois, visitei o apartamento da próprio Coco, na rue Cambon, e comparei, nas páginas de BAZAAR, a decoração da estilista com a criatividade do joalheiro.

Colar da coleção de alta-joalheria ‘Sport’, de 2024, da Chanel (Foto: Divulgação)
Formado pela École Boulle de Design, em Paris, onde se especializou na gravação de pedras preciosas, Patrice também estudou no Instituto Nacional de Gemologia antes de ir parar na Cartier. Ficou lá por seis anos e seguiu caminho para a Van Cleef & Arpels, onde trabalhou ao longo de onze anos até se instalar na Chanel, em fevereiro de 2009. Fez verdadeiras revoluções por lá, ressignificando códigos icônicos da maison, cuja primeira coleção de alta joalheria, ‘Bijoux de Diamants’, surgiu ainda em 1932.
Quase um século mais tarde, Leguéreau virou manchete ao criar uma das joias mais icônicas da história, do tipo que teria feito Maria Antonieta desmaiar: um colar inspirado no frasco do perfume Nº5, com 145 diamantes, incluindo um central com 55.55 quilates. Tão poético que, ao invés de ir parar nos cofres de alguma cliente, entrou para os arquivos patrimoniais da marca. Em momentos menos exuberantes, mas igualmente charmosos, o designer também foi o responsável por lançar, em 2015, a linha de joias COCO CRUSH, que desembarcou no Brasil ano passado.

O colar 55.55 de diamantes da Chanel, criado por Leguéreau em 2021 (Foto: Divulgação)
Na nota oficial da marca sobre o falecimento, Patrice é lembrado por seu “talento excepcional e sede insaciável em ultrapassar barreiras”, que o levaram a “abrir novos capítulos na história da alta joalheria da Chanel. Aqueles que foram sortudos em trabalhar ao lado dele o lembram como um homem profundamente sensível, humilde e acessível, motivado por um forte senso de comunidade”. Ele deixa três filhos.