
João Maraschin – Foto: Divulgação
Aos 14 anos, o sonho de João Maraschin era fazer aulas de costura. Quase não se tornou realidade, mas a insistência rendeu frutos e, hoje, depois de passagens por faculdades internacionais renomadas, como a Central Saint Martins e o London College of Fashion, ele tem um currículo de peso.
Nos anos em que passou na Europa, trabalhou na JW Anderson, Lacoste, Gucci e Alexander Mcqueen, e foi semifinalista do concorrido Prêmio LVMH em 2023. No Brasil, esteve ao lado de Ronaldo Fraga, entre 2014 e 2016, e, agora, faz parte do line-up de estreantes da 56a edição do São Paulo Fashion Week, este mês.

Coleções prévias de João Maraschin – Foto: Divulgação
Sua marca já existe há três anos e nasceu com propósitos e pilares claros desde o início: a sustentabilidade e o lado artesanal. O designer, aliás, também é mestre estrategista, o que rendeu o burburinho crescente ao redor de seu nome.
Às vésperas de seu début na SPFW, ele relembra seu início como um balde de água fria: “Na vida real, depois que você se forma, precisa encontrar um trabalho. Desde a universidade, estagiei em vários lugares e isso me ajudou a criar o repertório necessário para entender o meu espaço dentro do mercado”, conta, em entrevista exclusiva à Bazaar. Esse lugar, hoje, se destaca pela originalidade e linguagem autoral, pinceladas por diferentes texturas, misturas de cores e inspirações. João, afinal, é um curioso insaciável, com aversão ao óbvio.

Coleções prévias de João Maraschin – Foto: Divulgação
Apaixonado por pesquisas e investigações, nunca deixou passar os detalhes das atmosferas que o cercavam e, ainda hoje, provocam sua sensibilidade estética. É nas ruas, aliás, que nascem suas maiores inspirações. “O que me influencia, muitas vezes, não está nos livros, mas nas ruas, no mundo. Meu corpo de pesquisa está nas observações que faço, sem distinção de lugares. Presto atenção nos contrastes e combinações em cada canto.” Dessas misturas, faz seu próprio banco de imagens: dos bairros em Londres às raízes brasileiras, nada é pouco na construção de arquétipos que sempre acabam pincelando e semeando suas coleções.

Coleções prévias de João Maraschin – Foto: Divulgação
“Misturo a minha origem brasileira e celebrando muito isso dentro do meu trabalho, mas também sou muito influenciado pela Inglaterra por morar aqui há 8 anos, morei na Itália por um tempo também, faço várias viagens em função do meu trabalho e canalizando outras inspirações”.
A próxima, batizada de Home (uma homenagem poética aos vários lares que já teve), já é assunto entre fashionistas nacionais há semanas. É a culminação de uma narrativa que ele constrói há, pelo menos, cinco temporadas. Desta vez, em reflexão, João afirma que está no momento mais maduro de seu trabalho. As novidades são várias, com atenção especial aos seus primeiros passos no universo da moda masculina e no mundo de acessórios, como bolsas e sapatos exclusivos.

Coleções prévias de João Maraschin – Foto: Divulgação
Em meio a tantas referências, existe uma musa em seu repertório? Mais do que seu cliente, é alguém conectado com seus próprios valores. “São aqueles ligados ao presente, politicamente e intelectualmente. Quem compra meu produto sabe que vem de um lugar responsável, feito de maneira correta, sustentável e ética.” Tudo isso, apesar do “nervosismo”, âncora em terras brasileiras depois de uma jornada fashion no exterior. Welcome back, John. Ou melhor: bem-vindo de volta, João!