
Marco Normando e Emidio Contente (Foto: Lu Prezia)
A Normando chega à 60ª edição da São Paulo Fashion Week com o mesmo espírito de descoberta que move sua trajetória. Para Marco Normando e Emídio Contente, estar nessa edição histórica é participar de um marco que reforça a diversidade criativa da moda brasileira. “Esse é nosso terceiro desfile consecutivo na SPFW, e fazer parte dessa edição, junto a marcas já estabelecidas, é uma grande alegria. Além do desfile, também estamos com peças na exposição de curadoria do Paulo Borges no Pacubra”, contam.
Em “Mito ou Fauna”, a dupla mergulha nas narrativas da Amazônia e transforma seres fantásticos em forma e textura. “Faz parte do nosso repertório, do conhecimento oral passado entre as gerações. Unimos esse universo ao nosso pensamento de moda e criamos alfaiatarias, vestidos de seda e camisarias com estampas que remetem a animais lendários”, explicam.
A inovação surge na pesquisa biotecnológica com micro-organismos amazônicos, usada pela primeira vez no Brasil em parceria com a startup Aiper. “É a primeira vez que a Aiper trabalha com uma bactéria e microalga amazônica coletada em pesquisa in loco. As bactérias foram cultivadas e alimentadas sobre a peça pronta, criando um processo único de estamparia viva”, descrevem.

Croqui da coleção que será apresentada na SPFW N60. Foto: Cortesia
O equilíbrio entre tradição e tecnologia continua sendo um dos pilares da marca. Para esta temporada, a Normando desenvolveu uma nova matéria-prima: linho europeu puro com látex amazônico. “É um blend totalmente vegetal e tecnológico, feito artesanalmente por nós, com látex do Pará, Acre e Amazonas. Amamos muito esse resultado”, dizem.
Entre natureza e ciência, o vestir da Normando propõe um diálogo entre mundos. “Trabalhamos junto a comunidades amazônicas, cooperativas e pesquisadores. Biólogos, microbiologistas e cientistas participam do processo criativo. Essa troca entre a floresta e o laboratório é o que nos move — é assim que a moda vira pesquisa e a pesquisa vira roupa.”